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Opinião: “Fazer e transformar a Cidade - Nun´Alvares”

Categoria:  Artigos de Opinião

Publicado

Andreia Oliveira
Arquiteta 
Presidente do Conselho Diretivo Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos

 

A Cidade, a cidade é feita de Tempo, tempo longo que marca a sua história e o seu legado, a sua continuidade e património, e tempos curtos de construção e transformação, fruto da renovação dos seus atores e decisores, alteração de pretextos e contextos. 

A Cidade é feita de pessoas, pessoas que interagem e aspiram, se reconfiguram e se acomodam, exigentes e afetivas, que atuam na cidade porque dela precisam, nela se revêem e com ela se conformam num ente comum e solidário chamado comunidade.

A cidade é resultado de múltiplas opções, decisões e contextos ao longo do tempo, refletindo diversidade, tensões e complexidade, é “coisa séria e importante”, é palco de confronto e aceitação, compromisso e equilíbrio, síntese!

A avenida Nun´Alvares (adiante AN’A) e as “afamadas torres” são desta realidade exemplo: refletem um contexto e um processo, a qualidade ou incapacidade de quem decide e desenha, a ação e a reação da comunidade. Inevitavelmente não consensuais, muito menos unânimes. 

Por isso, o momento vivido “acalorado” de discussão sobra a AN’A não surpreende nem se afigura estranho a este fenómeno tão intrincado quanto atraente chamado Cidade, nesta cidade tão complexa quanto apaixonante como é o Porto! Pelo contrário! Independentemente do momento concreto em que surge, do pretexto e contexto específicos, é tão natural quanto inevitável, a tal ponto, que deve ser entendido e aceite (independentemente das diferentes perspetivas e diversidade de pontos de vista), fomentado e apoiado para, depois, sintetizado e colocado ao dispor da decisão (independentemente da sua natureza e direção), a qual deve ser transparente e justificada para, depois, ser aceite, escrutinada e acatada e, no momento final, avaliada. Afinal, é este o jogo democrático, envolve apoiantes e opositores, arquitetos, políticos, vantagens, riscos e potencialidades. Mas o essencial é que seja exercido de forma transparente, fundamentada, coerente e legitimada. 

Perante tudo isto, perguntar-se-á, afinal, o que revela ou o que se deverá relevar neste processo: o tempo longo de concretização que processos e intervenções desta natureza demonstram; a qualidade e a forma da participação e da discussão pública; a substância da discussão: o critério ou a forma, a razão ou o desenho?

A AN’A é uma ideia há muito nascida e instalada na cidade do Porto, dir-se-á, que ultrapassa já os 100 anos de idade. No presente século, conheceu materialização e desenvolvimento, caracterização e densificação em momentos (quase) contínuos de revisão do plano diretor municipal (PDM), definição de unidades operativas de planeamento e gestão (UOPG), concurso público de arquitetura, expropriações e negociações de terrenos, unidades de execução e propostas de operação de loteamento, observando múltiplos e diferentes autores, decisores políticos, representantes de associações, diferentes proprietários de terrenos (21), diversos contextos (pandemia, troika, crise do subprime, …) num vaivém de “tanto” que surpreende como ainda resiste e perdura. As ideias nascem, desenvolvem-se e maturam-se num determinado tempo e contexto. Depois, materializam-se e acomodam-se dialeticamente com o quotidiano urbano. São incorporadas e absorvidas pela Cidade, são estranhas e rejeitadas pela mesma, originando ação e reação. É isto, é disto de que a Cidade é feita!

Num tempo tão longo de processo, o corpo da razão, contexto, opção, meios e recursos, entre mais, é tão mutável e diverso que essa ideia vai-se ajustando ou desatualizando, justificando ou excluindo-se, afirmando ou omitindo, num risco de desfasamento holístico que, no final e tantas vezes, não traduz nenhum ganho ou conquista, apenas significa tergiversação, outras vezes atavismo, outras vezes atraso e prejuízo.

(O tempo que este processo toma não será excessivo? Não valerá a pena refletir?)
Neste tempo longo de processo, a AN’A conheceu vários “momentos de discussão pública”, publicitação e informação, julga-se, consensualmente, generalizada e intensa. Discussão pública em sede de PDM, unidades de execução, debates em assembleias municipais, apresentações públicas, notícias e textos publicados nas redes sociais e meios de comunicação social… numa multiplicidade de situações que, hoje, deveriam evitar a surpresa sobre a solução encontrada, o desconhecimento associado a essa mesma solução, a reclamação da falta de debate público. E tal impõe o questionamento se o modelo de discussão pública que hoje vigora e está legalmente definido é pertinente, eficaz e verdadeiramente democrático, se todos nós enquanto comunidade temos revelado capacidade organizativa para promoção de um discurso e reflexão públicos, de todos e para todos, realmente informado, colaborativo e reivindicativo. Será este modelo de discussão pública tendencialmente (e forçosamente praticado) apenas e só estrito e cumpridor do preceito legal? Não fica aquém do envolvimento necessário e desejado? Não será verdade que o tempo do processo é tão longo e desgastante que a “discussão pública” – tempo de questionamento – (quase) como último passo do processo é momento indesejado e temido porque capaz de colocar “em causa” “múltiplas reuniões, pareceres, tensões entre entidades, deliberações, prazos, …?” 

(Talvez fosse útil e bom pensar nisto?)
Por fim, afinal o que discutimos ou devemos discutir? A solução final, o seu desenho e forma que tem uma autoria legítima, que é inerente a uma opção e decisão de quem foi legitimado para tal e responde (em princípio) a um caderno de encargos e exigências programáticas inerentes a uma encomenda válida? Que é consequência e efeito, não causa e origem? Ou devemos nós concentrarmo-nos no critério e nas razões para tal, nos fundamentos da ideia e da opção, no porquê e para quê, no como e por quem, afinal tudo aquilo que condicionará a imagem final? Porque, se assim não for, estaremos a analisar e julgar a capacidade de responder, a capacidade e a “arte de fazer” (sempre subjetiva e inerente a quem faz, mas sempre resposta a uma ordem e encomenda) e não a refletir, acrescentar e qualificar o que determina e condiciona (a causa e a razão para tal) …

(Não será pertinente, também, refletir sobre isto?)
É convicção de que a essência da questão não são “as torres”, independentemente da concordância ou não sobre a solução encontrada, mas sim o tempo excessivamente longo que este processo toma e o seu permanente questionamento e desfasamento, ao sabor de pretextos e contextos tão naturais quanto fatalmente diversos; a discussão pública que raramente envolve e convida, antes cumpre ritual e preceito legais e reage em nome do momento e do interesse; a substância da análise, discutindo-se o resultado (ou seja, a opção inerente á encomenda) e não a causa e as razões (ou seja, a encomenda que gerará a opção).

O que preocupa não são “as torres”, é este processo de “fazer e transformar a Cidade” sempre atrasado, reativo e desfocado, sempre longo, mas não consolidado, permanentemente exposto, mas não participado, fatalmente julgado, mas não justamente avaliado.

Talvez mereça reflexão... E sobre isto, a Ordem dos Arquitectos deve participar. E para isto, a Ordem dos Arquitectos deve contribuir e confluir… E é por isto e para isto que a Ordem dos Arquitectos tem trabalhado!

 

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Contacto

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aleitao@anteprojectos.com.pt

Directora Geral

Av. Álvares Cabral, nº 61, 6º andar | 1250-017 Lisboa

Telefone 211 308 758 / 966 863 541

Opinião: “Fazer e transformar a Cidade - Nun´Alvares”

Categoria:  Artigos de Opinião

Publicado

Andreia Oliveira
Arquiteta 
Presidente do Conselho Diretivo Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos

 

A Cidade, a cidade é feita de Tempo, tempo longo que marca a sua história e o seu legado, a sua continuidade e património, e tempos curtos de construção e transformação, fruto da renovação dos seus atores e decisores, alteração de pretextos e contextos. 

A Cidade é feita de pessoas, pessoas que interagem e aspiram, se reconfiguram e se acomodam, exigentes e afetivas, que atuam na cidade porque dela precisam, nela se revêem e com ela se conformam num ente comum e solidário chamado comunidade.

A cidade é resultado de múltiplas opções, decisões e contextos ao longo do tempo, refletindo diversidade, tensões e complexidade, é “coisa séria e importante”, é palco de confronto e aceitação, compromisso e equilíbrio, síntese!

A avenida Nun´Alvares (adiante AN’A) e as “afamadas torres” são desta realidade exemplo: refletem um contexto e um processo, a qualidade ou incapacidade de quem decide e desenha, a ação e a reação da comunidade. Inevitavelmente não consensuais, muito menos unânimes. 

Por isso, o momento vivido “acalorado” de discussão sobra a AN’A não surpreende nem se afigura estranho a este fenómeno tão intrincado quanto atraente chamado Cidade, nesta cidade tão complexa quanto apaixonante como é o Porto! Pelo contrário! Independentemente do momento concreto em que surge, do pretexto e contexto específicos, é tão natural quanto inevitável, a tal ponto, que deve ser entendido e aceite (independentemente das diferentes perspetivas e diversidade de pontos de vista), fomentado e apoiado para, depois, sintetizado e colocado ao dispor da decisão (independentemente da sua natureza e direção), a qual deve ser transparente e justificada para, depois, ser aceite, escrutinada e acatada e, no momento final, avaliada. Afinal, é este o jogo democrático, envolve apoiantes e opositores, arquitetos, políticos, vantagens, riscos e potencialidades. Mas o essencial é que seja exercido de forma transparente, fundamentada, coerente e legitimada. 

Perante tudo isto, perguntar-se-á, afinal, o que revela ou o que se deverá relevar neste processo: o tempo longo de concretização que processos e intervenções desta natureza demonstram; a qualidade e a forma da participação e da discussão pública; a substância da discussão: o critério ou a forma, a razão ou o desenho?

A AN’A é uma ideia há muito nascida e instalada na cidade do Porto, dir-se-á, que ultrapassa já os 100 anos de idade. No presente século, conheceu materialização e desenvolvimento, caracterização e densificação em momentos (quase) contínuos de revisão do plano diretor municipal (PDM), definição de unidades operativas de planeamento e gestão (UOPG), concurso público de arquitetura, expropriações e negociações de terrenos, unidades de execução e propostas de operação de loteamento, observando múltiplos e diferentes autores, decisores políticos, representantes de associações, diferentes proprietários de terrenos (21), diversos contextos (pandemia, troika, crise do subprime, …) num vaivém de “tanto” que surpreende como ainda resiste e perdura. As ideias nascem, desenvolvem-se e maturam-se num determinado tempo e contexto. Depois, materializam-se e acomodam-se dialeticamente com o quotidiano urbano. São incorporadas e absorvidas pela Cidade, são estranhas e rejeitadas pela mesma, originando ação e reação. É isto, é disto de que a Cidade é feita!

Num tempo tão longo de processo, o corpo da razão, contexto, opção, meios e recursos, entre mais, é tão mutável e diverso que essa ideia vai-se ajustando ou desatualizando, justificando ou excluindo-se, afirmando ou omitindo, num risco de desfasamento holístico que, no final e tantas vezes, não traduz nenhum ganho ou conquista, apenas significa tergiversação, outras vezes atavismo, outras vezes atraso e prejuízo.

(O tempo que este processo toma não será excessivo? Não valerá a pena refletir?)
Neste tempo longo de processo, a AN’A conheceu vários “momentos de discussão pública”, publicitação e informação, julga-se, consensualmente, generalizada e intensa. Discussão pública em sede de PDM, unidades de execução, debates em assembleias municipais, apresentações públicas, notícias e textos publicados nas redes sociais e meios de comunicação social… numa multiplicidade de situações que, hoje, deveriam evitar a surpresa sobre a solução encontrada, o desconhecimento associado a essa mesma solução, a reclamação da falta de debate público. E tal impõe o questionamento se o modelo de discussão pública que hoje vigora e está legalmente definido é pertinente, eficaz e verdadeiramente democrático, se todos nós enquanto comunidade temos revelado capacidade organizativa para promoção de um discurso e reflexão públicos, de todos e para todos, realmente informado, colaborativo e reivindicativo. Será este modelo de discussão pública tendencialmente (e forçosamente praticado) apenas e só estrito e cumpridor do preceito legal? Não fica aquém do envolvimento necessário e desejado? Não será verdade que o tempo do processo é tão longo e desgastante que a “discussão pública” – tempo de questionamento – (quase) como último passo do processo é momento indesejado e temido porque capaz de colocar “em causa” “múltiplas reuniões, pareceres, tensões entre entidades, deliberações, prazos, …?” 

(Talvez fosse útil e bom pensar nisto?)
Por fim, afinal o que discutimos ou devemos discutir? A solução final, o seu desenho e forma que tem uma autoria legítima, que é inerente a uma opção e decisão de quem foi legitimado para tal e responde (em princípio) a um caderno de encargos e exigências programáticas inerentes a uma encomenda válida? Que é consequência e efeito, não causa e origem? Ou devemos nós concentrarmo-nos no critério e nas razões para tal, nos fundamentos da ideia e da opção, no porquê e para quê, no como e por quem, afinal tudo aquilo que condicionará a imagem final? Porque, se assim não for, estaremos a analisar e julgar a capacidade de responder, a capacidade e a “arte de fazer” (sempre subjetiva e inerente a quem faz, mas sempre resposta a uma ordem e encomenda) e não a refletir, acrescentar e qualificar o que determina e condiciona (a causa e a razão para tal) …

(Não será pertinente, também, refletir sobre isto?)
É convicção de que a essência da questão não são “as torres”, independentemente da concordância ou não sobre a solução encontrada, mas sim o tempo excessivamente longo que este processo toma e o seu permanente questionamento e desfasamento, ao sabor de pretextos e contextos tão naturais quanto fatalmente diversos; a discussão pública que raramente envolve e convida, antes cumpre ritual e preceito legais e reage em nome do momento e do interesse; a substância da análise, discutindo-se o resultado (ou seja, a opção inerente á encomenda) e não a causa e as razões (ou seja, a encomenda que gerará a opção).

O que preocupa não são “as torres”, é este processo de “fazer e transformar a Cidade” sempre atrasado, reativo e desfocado, sempre longo, mas não consolidado, permanentemente exposto, mas não participado, fatalmente julgado, mas não justamente avaliado.

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Arquiteta 
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A Cidade, a cidade é feita de Tempo, tempo longo que marca a sua história e o seu legado, a sua continuidade e património, e tempos curtos de construção e transformação, fruto da renovação dos seus atores e decisores, alteração de pretextos e contextos. 

A Cidade é feita de pessoas, pessoas que interagem e aspiram, se reconfiguram e se acomodam, exigentes e afetivas, que atuam na cidade porque dela precisam, nela se revêem e com ela se conformam num ente comum e solidário chamado comunidade.

A cidade é resultado de múltiplas opções, decisões e contextos ao longo do tempo, refletindo diversidade, tensões e complexidade, é “coisa séria e importante”, é palco de confronto e aceitação, compromisso e equilíbrio, síntese!

A avenida Nun´Alvares (adiante AN’A) e as “afamadas torres” são desta realidade exemplo: refletem um contexto e um processo, a qualidade ou incapacidade de quem decide e desenha, a ação e a reação da comunidade. Inevitavelmente não consensuais, muito menos unânimes. 

Por isso, o momento vivido “acalorado” de discussão sobra a AN’A não surpreende nem se afigura estranho a este fenómeno tão intrincado quanto atraente chamado Cidade, nesta cidade tão complexa quanto apaixonante como é o Porto! Pelo contrário! Independentemente do momento concreto em que surge, do pretexto e contexto específicos, é tão natural quanto inevitável, a tal ponto, que deve ser entendido e aceite (independentemente das diferentes perspetivas e diversidade de pontos de vista), fomentado e apoiado para, depois, sintetizado e colocado ao dispor da decisão (independentemente da sua natureza e direção), a qual deve ser transparente e justificada para, depois, ser aceite, escrutinada e acatada e, no momento final, avaliada. Afinal, é este o jogo democrático, envolve apoiantes e opositores, arquitetos, políticos, vantagens, riscos e potencialidades. Mas o essencial é que seja exercido de forma transparente, fundamentada, coerente e legitimada. 

Perante tudo isto, perguntar-se-á, afinal, o que revela ou o que se deverá relevar neste processo: o tempo longo de concretização que processos e intervenções desta natureza demonstram; a qualidade e a forma da participação e da discussão pública; a substância da discussão: o critério ou a forma, a razão ou o desenho?

A AN’A é uma ideia há muito nascida e instalada na cidade do Porto, dir-se-á, que ultrapassa já os 100 anos de idade. No presente século, conheceu materialização e desenvolvimento, caracterização e densificação em momentos (quase) contínuos de revisão do plano diretor municipal (PDM), definição de unidades operativas de planeamento e gestão (UOPG), concurso público de arquitetura, expropriações e negociações de terrenos, unidades de execução e propostas de operação de loteamento, observando múltiplos e diferentes autores, decisores políticos, representantes de associações, diferentes proprietários de terrenos (21), diversos contextos (pandemia, troika, crise do subprime, …) num vaivém de “tanto” que surpreende como ainda resiste e perdura. As ideias nascem, desenvolvem-se e maturam-se num determinado tempo e contexto. Depois, materializam-se e acomodam-se dialeticamente com o quotidiano urbano. São incorporadas e absorvidas pela Cidade, são estranhas e rejeitadas pela mesma, originando ação e reação. É isto, é disto de que a Cidade é feita!

Num tempo tão longo de processo, o corpo da razão, contexto, opção, meios e recursos, entre mais, é tão mutável e diverso que essa ideia vai-se ajustando ou desatualizando, justificando ou excluindo-se, afirmando ou omitindo, num risco de desfasamento holístico que, no final e tantas vezes, não traduz nenhum ganho ou conquista, apenas significa tergiversação, outras vezes atavismo, outras vezes atraso e prejuízo.

(O tempo que este processo toma não será excessivo? Não valerá a pena refletir?)
Neste tempo longo de processo, a AN’A conheceu vários “momentos de discussão pública”, publicitação e informação, julga-se, consensualmente, generalizada e intensa. Discussão pública em sede de PDM, unidades de execução, debates em assembleias municipais, apresentações públicas, notícias e textos publicados nas redes sociais e meios de comunicação social… numa multiplicidade de situações que, hoje, deveriam evitar a surpresa sobre a solução encontrada, o desconhecimento associado a essa mesma solução, a reclamação da falta de debate público. E tal impõe o questionamento se o modelo de discussão pública que hoje vigora e está legalmente definido é pertinente, eficaz e verdadeiramente democrático, se todos nós enquanto comunidade temos revelado capacidade organizativa para promoção de um discurso e reflexão públicos, de todos e para todos, realmente informado, colaborativo e reivindicativo. Será este modelo de discussão pública tendencialmente (e forçosamente praticado) apenas e só estrito e cumpridor do preceito legal? Não fica aquém do envolvimento necessário e desejado? Não será verdade que o tempo do processo é tão longo e desgastante que a “discussão pública” – tempo de questionamento – (quase) como último passo do processo é momento indesejado e temido porque capaz de colocar “em causa” “múltiplas reuniões, pareceres, tensões entre entidades, deliberações, prazos, …?” 

(Talvez fosse útil e bom pensar nisto?)
Por fim, afinal o que discutimos ou devemos discutir? A solução final, o seu desenho e forma que tem uma autoria legítima, que é inerente a uma opção e decisão de quem foi legitimado para tal e responde (em princípio) a um caderno de encargos e exigências programáticas inerentes a uma encomenda válida? Que é consequência e efeito, não causa e origem? Ou devemos nós concentrarmo-nos no critério e nas razões para tal, nos fundamentos da ideia e da opção, no porquê e para quê, no como e por quem, afinal tudo aquilo que condicionará a imagem final? Porque, se assim não for, estaremos a analisar e julgar a capacidade de responder, a capacidade e a “arte de fazer” (sempre subjetiva e inerente a quem faz, mas sempre resposta a uma ordem e encomenda) e não a refletir, acrescentar e qualificar o que determina e condiciona (a causa e a razão para tal) …

(Não será pertinente, também, refletir sobre isto?)
É convicção de que a essência da questão não são “as torres”, independentemente da concordância ou não sobre a solução encontrada, mas sim o tempo excessivamente longo que este processo toma e o seu permanente questionamento e desfasamento, ao sabor de pretextos e contextos tão naturais quanto fatalmente diversos; a discussão pública que raramente envolve e convida, antes cumpre ritual e preceito legais e reage em nome do momento e do interesse; a substância da análise, discutindo-se o resultado (ou seja, a opção inerente á encomenda) e não a causa e as razões (ou seja, a encomenda que gerará a opção).

O que preocupa não são “as torres”, é este processo de “fazer e transformar a Cidade” sempre atrasado, reativo e desfocado, sempre longo, mas não consolidado, permanentemente exposto, mas não participado, fatalmente julgado, mas não justamente avaliado.

Talvez mereça reflexão... E sobre isto, a Ordem dos Arquitectos deve participar. E para isto, a Ordem dos Arquitectos deve contribuir e confluir… E é por isto e para isto que a Ordem dos Arquitectos tem trabalhado!