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OPINIÃO: OS CONCURSOS DE ARQUITETURA

Categoria:  Artigos de Opinião

Publicado

Rui Barreiros Duarte, Arq.
Professor Emérito da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa
Investigador de Arquitetura e Urbanismo do CIAUD

Os concursos de arquitetura sempre foram um desafio que se coloca aos arquitetos, confrontados com programas que noutra situação não poderiam ter acesso. Exige uma investigação que enquadre o tema, e permite desenhar com inovação sem estar condicionado pelas regras que a realidade impõe.
Têm sido diversos os exemplos que acentuam esta vertente, dos quais podemos referir pela sua imagem icónica, a Ópera de Sydney de Jørn Utzon.
Aqui entram também considerações acerca da importância do júri. Um dos membros, Eero Saarinen, arquiteto fino-americano autor do Terminal 5 do TWA Flight Center (Trans World Flight Center) em Nova Iorque (1959 -1962), chegou ao júri bastante atrasado, e o projeto de Jørn Utzon já tinha sido recusado. Contudo, dado o ethos de Saarinen -, que exigiu a reavaliação desse projeto, Utzon foi o vencedor.
O edifício partia de princípios curvos - que Saarinen tinha utilizado no Terminal da TWA -, e as geometrias curvas prevaleceram. 

Hoje há outro tipo de preocupações e sensibilidade em arquitetura para além das figuras emblemáticas dos mestres, mas permanece a inovação. Esta envolve o compromisso social e ambiental para liderar o processo conceptual, pelo que é essencial otimizar recursos de acordo com as metas da sustentabilidade, no domínio da arquitetura verde. Incorporar poupança de energia, a energia solar, materiais recicláveis, o tratamento de resíduos tendo em consideração a pegada ecológica e o clima, são determinantes no futuro da arquitetura.
Uma nova etapa surge no século XXI, muito para além das materialidades do século XX marcado pelo betão armado, pelos plásticos, insufláveis e polímeros nos anos 60, e pela nanotecnologia a partir de 1991. 
Outras etapas enquadram arquitetos inovadores como Shigeru Ban, Renzo Piano, Peter Zumthor, Mosche Safdie, Kengo Kuma, alguns dos arquitetos que utilizam materiais locais em alternativa ao betão. As ligas metálicas são também um domínio a explorar, matéria desenvolvida exponencialmente na indústria, mas que na construção constitui ainda uma reflexão ancilar, embora tenha passado pelo High-tech e agora pelo 
Eco-tech, movimentos de domínio britânico liderados por Norman Foster. 
Investir na organização, produção e sistematização de processos e meios, é apenas retomar princípios dos anos 20 do século passado, tal como referia Hannes Meyer.

A experiência de 40 anos de arquitetura no nosso atelier tem equacionado estes princípios a par com os 37 anos de percurso académico nas Belas-Artes e na Faculdade de Arquitetura de Lisboa (Lisbon School of Architecture), acumulando experiências, depurando erros, construindo metodologias, modos de olhar, explorando as potencialidades poéticas dos materiais e das cores, fazendo emergir o que é óbvio. E há a experiência do quotidiano, com as pessoas, com a vida e viagens. E assim se vai construindo um “Learning from...” investindo na sustentabilidade.
Estamos sempre a viajar, há sempre um Grand Tour de descoberta interior e exterior, há sempre uma grande porta que nos questiona, um enigma para decifrar e do qual temos de encontrar a saída. O pensamento da complexidade é cada vez mais necessário na atualidade para desbravar o real, o imaginário, e o simbólico, essa unidade interligada, não dissociável.

Os concursos são um fio condutor de múltiplas experiências que foram moldando um conhecimento teórico-prático com um empenho construtivo, essencial no controlo dos materiais e da poética, da técnica e da estética, sempre de acordo com a ética.
Mas há vícios processuais: um rol de equívocos transversais a muitas situações, perversidades e pessoas excecionais. É um mundo revelado na experiência da arquitetura pelos signos e comportamentos, pelos processos de obra e pelas teias que a Lei alimenta. 
São arquivos da memória pessoais, mas a transmissão da arquitetura como disciplina abrangente do espaço geral da vida, da capacidade de transformar o mundo para melhor, remete-nos para a criação poética e artística. Arquitetura música petrificada, dizia Göethe e Frank Lloyd Wright.

É sempre de louvar oportunidades como a que agora se apresenta, para incentivar ideias inovadoras, a qualidade, controlo, novos modos de resolver questões inadiáveis, e atuar nas causas através da Grande Causa que é a Arquitetura. 
As dinâmicas que os concursos contêm, devem-se sintonizar com os mais longínquos anseios e expectativas das pessoas.
Nos silêncios, a arquitetura comunica mais profundamente. Utentes e críticos de obras deverão incorporar a vida e despoletar emoções positivas com entusiasmo, a matéria sensível que molda as circunstâncias, criando lugares onde também se constrói o Ser.
 

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aleitao@anteprojectos.com.pt

Directora Geral

Av. Álvares Cabral, nº 61, 6º andar | 1250-017 Lisboa

Telefone 211 308 758 / 966 863 541

OPINIÃO: OS CONCURSOS DE ARQUITETURA

Categoria:  Artigos de Opinião

Publicado

Rui Barreiros Duarte, Arq.
Professor Emérito da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa
Investigador de Arquitetura e Urbanismo do CIAUD

Os concursos de arquitetura sempre foram um desafio que se coloca aos arquitetos, confrontados com programas que noutra situação não poderiam ter acesso. Exige uma investigação que enquadre o tema, e permite desenhar com inovação sem estar condicionado pelas regras que a realidade impõe.
Têm sido diversos os exemplos que acentuam esta vertente, dos quais podemos referir pela sua imagem icónica, a Ópera de Sydney de Jørn Utzon.
Aqui entram também considerações acerca da importância do júri. Um dos membros, Eero Saarinen, arquiteto fino-americano autor do Terminal 5 do TWA Flight Center (Trans World Flight Center) em Nova Iorque (1959 -1962), chegou ao júri bastante atrasado, e o projeto de Jørn Utzon já tinha sido recusado. Contudo, dado o ethos de Saarinen -, que exigiu a reavaliação desse projeto, Utzon foi o vencedor.
O edifício partia de princípios curvos - que Saarinen tinha utilizado no Terminal da TWA -, e as geometrias curvas prevaleceram. 

Hoje há outro tipo de preocupações e sensibilidade em arquitetura para além das figuras emblemáticas dos mestres, mas permanece a inovação. Esta envolve o compromisso social e ambiental para liderar o processo conceptual, pelo que é essencial otimizar recursos de acordo com as metas da sustentabilidade, no domínio da arquitetura verde. Incorporar poupança de energia, a energia solar, materiais recicláveis, o tratamento de resíduos tendo em consideração a pegada ecológica e o clima, são determinantes no futuro da arquitetura.
Uma nova etapa surge no século XXI, muito para além das materialidades do século XX marcado pelo betão armado, pelos plásticos, insufláveis e polímeros nos anos 60, e pela nanotecnologia a partir de 1991. 
Outras etapas enquadram arquitetos inovadores como Shigeru Ban, Renzo Piano, Peter Zumthor, Mosche Safdie, Kengo Kuma, alguns dos arquitetos que utilizam materiais locais em alternativa ao betão. As ligas metálicas são também um domínio a explorar, matéria desenvolvida exponencialmente na indústria, mas que na construção constitui ainda uma reflexão ancilar, embora tenha passado pelo High-tech e agora pelo 
Eco-tech, movimentos de domínio britânico liderados por Norman Foster. 
Investir na organização, produção e sistematização de processos e meios, é apenas retomar princípios dos anos 20 do século passado, tal como referia Hannes Meyer.

A experiência de 40 anos de arquitetura no nosso atelier tem equacionado estes princípios a par com os 37 anos de percurso académico nas Belas-Artes e na Faculdade de Arquitetura de Lisboa (Lisbon School of Architecture), acumulando experiências, depurando erros, construindo metodologias, modos de olhar, explorando as potencialidades poéticas dos materiais e das cores, fazendo emergir o que é óbvio. E há a experiência do quotidiano, com as pessoas, com a vida e viagens. E assim se vai construindo um “Learning from...” investindo na sustentabilidade.
Estamos sempre a viajar, há sempre um Grand Tour de descoberta interior e exterior, há sempre uma grande porta que nos questiona, um enigma para decifrar e do qual temos de encontrar a saída. O pensamento da complexidade é cada vez mais necessário na atualidade para desbravar o real, o imaginário, e o simbólico, essa unidade interligada, não dissociável.

Os concursos são um fio condutor de múltiplas experiências que foram moldando um conhecimento teórico-prático com um empenho construtivo, essencial no controlo dos materiais e da poética, da técnica e da estética, sempre de acordo com a ética.
Mas há vícios processuais: um rol de equívocos transversais a muitas situações, perversidades e pessoas excecionais. É um mundo revelado na experiência da arquitetura pelos signos e comportamentos, pelos processos de obra e pelas teias que a Lei alimenta. 
São arquivos da memória pessoais, mas a transmissão da arquitetura como disciplina abrangente do espaço geral da vida, da capacidade de transformar o mundo para melhor, remete-nos para a criação poética e artística. Arquitetura música petrificada, dizia Göethe e Frank Lloyd Wright.

É sempre de louvar oportunidades como a que agora se apresenta, para incentivar ideias inovadoras, a qualidade, controlo, novos modos de resolver questões inadiáveis, e atuar nas causas através da Grande Causa que é a Arquitetura. 
As dinâmicas que os concursos contêm, devem-se sintonizar com os mais longínquos anseios e expectativas das pessoas.
Nos silêncios, a arquitetura comunica mais profundamente. Utentes e críticos de obras deverão incorporar a vida e despoletar emoções positivas com entusiasmo, a matéria sensível que molda as circunstâncias, criando lugares onde também se constrói o Ser.
 

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Publicado

Rui Barreiros Duarte, Arq.
Professor Emérito da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa
Investigador de Arquitetura e Urbanismo do CIAUD

Os concursos de arquitetura sempre foram um desafio que se coloca aos arquitetos, confrontados com programas que noutra situação não poderiam ter acesso. Exige uma investigação que enquadre o tema, e permite desenhar com inovação sem estar condicionado pelas regras que a realidade impõe.
Têm sido diversos os exemplos que acentuam esta vertente, dos quais podemos referir pela sua imagem icónica, a Ópera de Sydney de Jørn Utzon.
Aqui entram também considerações acerca da importância do júri. Um dos membros, Eero Saarinen, arquiteto fino-americano autor do Terminal 5 do TWA Flight Center (Trans World Flight Center) em Nova Iorque (1959 -1962), chegou ao júri bastante atrasado, e o projeto de Jørn Utzon já tinha sido recusado. Contudo, dado o ethos de Saarinen -, que exigiu a reavaliação desse projeto, Utzon foi o vencedor.
O edifício partia de princípios curvos - que Saarinen tinha utilizado no Terminal da TWA -, e as geometrias curvas prevaleceram. 

Hoje há outro tipo de preocupações e sensibilidade em arquitetura para além das figuras emblemáticas dos mestres, mas permanece a inovação. Esta envolve o compromisso social e ambiental para liderar o processo conceptual, pelo que é essencial otimizar recursos de acordo com as metas da sustentabilidade, no domínio da arquitetura verde. Incorporar poupança de energia, a energia solar, materiais recicláveis, o tratamento de resíduos tendo em consideração a pegada ecológica e o clima, são determinantes no futuro da arquitetura.
Uma nova etapa surge no século XXI, muito para além das materialidades do século XX marcado pelo betão armado, pelos plásticos, insufláveis e polímeros nos anos 60, e pela nanotecnologia a partir de 1991. 
Outras etapas enquadram arquitetos inovadores como Shigeru Ban, Renzo Piano, Peter Zumthor, Mosche Safdie, Kengo Kuma, alguns dos arquitetos que utilizam materiais locais em alternativa ao betão. As ligas metálicas são também um domínio a explorar, matéria desenvolvida exponencialmente na indústria, mas que na construção constitui ainda uma reflexão ancilar, embora tenha passado pelo High-tech e agora pelo 
Eco-tech, movimentos de domínio britânico liderados por Norman Foster. 
Investir na organização, produção e sistematização de processos e meios, é apenas retomar princípios dos anos 20 do século passado, tal como referia Hannes Meyer.

A experiência de 40 anos de arquitetura no nosso atelier tem equacionado estes princípios a par com os 37 anos de percurso académico nas Belas-Artes e na Faculdade de Arquitetura de Lisboa (Lisbon School of Architecture), acumulando experiências, depurando erros, construindo metodologias, modos de olhar, explorando as potencialidades poéticas dos materiais e das cores, fazendo emergir o que é óbvio. E há a experiência do quotidiano, com as pessoas, com a vida e viagens. E assim se vai construindo um “Learning from...” investindo na sustentabilidade.
Estamos sempre a viajar, há sempre um Grand Tour de descoberta interior e exterior, há sempre uma grande porta que nos questiona, um enigma para decifrar e do qual temos de encontrar a saída. O pensamento da complexidade é cada vez mais necessário na atualidade para desbravar o real, o imaginário, e o simbólico, essa unidade interligada, não dissociável.

Os concursos são um fio condutor de múltiplas experiências que foram moldando um conhecimento teórico-prático com um empenho construtivo, essencial no controlo dos materiais e da poética, da técnica e da estética, sempre de acordo com a ética.
Mas há vícios processuais: um rol de equívocos transversais a muitas situações, perversidades e pessoas excecionais. É um mundo revelado na experiência da arquitetura pelos signos e comportamentos, pelos processos de obra e pelas teias que a Lei alimenta. 
São arquivos da memória pessoais, mas a transmissão da arquitetura como disciplina abrangente do espaço geral da vida, da capacidade de transformar o mundo para melhor, remete-nos para a criação poética e artística. Arquitetura música petrificada, dizia Göethe e Frank Lloyd Wright.

É sempre de louvar oportunidades como a que agora se apresenta, para incentivar ideias inovadoras, a qualidade, controlo, novos modos de resolver questões inadiáveis, e atuar nas causas através da Grande Causa que é a Arquitetura. 
As dinâmicas que os concursos contêm, devem-se sintonizar com os mais longínquos anseios e expectativas das pessoas.
Nos silêncios, a arquitetura comunica mais profundamente. Utentes e críticos de obras deverão incorporar a vida e despoletar emoções positivas com entusiasmo, a matéria sensível que molda as circunstâncias, criando lugares onde também se constrói o Ser.