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OPINIÃO: NOMES ESQUECIDOS DO MODERNISMO PORTUGUÊS DO INÍCIO DO SÉCULO XX

Categoria:  Artigos de Opinião

Publicado

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PAULO VILA VERDE ARQUITECTO

INQUIETUDE ARQUITETURA

O enquadramento histórico da arquitetura portuguesa do início do século XX, mantém oculto diversos nomes que contribuíram certamente para o surgimento e implementação de um novo modernismo, influenciado pela vanguarda europeia, nomeadamente o funcionalismo parisiense.

É o caso do arquiteto José Luiz Porto, nascido no ano de 1883 em Vilar de Mouros, e que desenvolveu, em 35 anos de atividade profissional, uma relevante produção em diversas escalas e programas, destinada a clientes particulares e a entidades de inegável importância.

Neste seu percurso, passa por Paris entre 1921 e 1933, onde teve a oportunidade de acompanhar o surgimento dos novos movimentos modernistas, sendo notórias as influências de Le Corbusier, Robert Mallet-Stevens e André Lurçat na sua obra. Regressa definitivamente a Portugal em 1933, onde se fixa na cidade do Porto, fazendo, contudo, uma incursão profissional à cidade da Beira em Moçambique, entre 1940 e 1949, regressando a partir daí à sua terra natal.

O vanguardismo e as influências parisienses que importa, refletem-se de imediato nas suas primeiras obras, como a Casa Ananias Torres em Caminha, cujo projeto data de Dezembro de 1934. Esta obra revela um conjunto de volumes depurados e desencontrados que promovem uma antecâmara exterior de entrada, terraços visitáveis, a vontade de uma cobertura plana, ainda que limitada tecnicamente, e o recurso aos pilotis. Estas características demonstram um alinhamento aos pontos para uma nova arquitetura de Le Corbusier, sendo também de referir, que esta foi das primeiras obras em Portugal, com recurso à estrutura porticada em betão armado. O célebre sistema Dominó, também da autoria de Le Corbusier, desenvolvido entre 1914 e 1917, e aplicado nas suas obras a partir do início da década de 20 na cidade de Paris e periferia.

Ao nível do interior da Casa Ananias, a abolição do tradicional hall de entrada e a relação dos espaços sociais e entre pisos, convivem intimamente com o exterior, ensaiando uma promenade que não era ainda explorada na arquitetura a norte de Portugal.

Facto este leva Nuno Portas, em 1978, a elogiar os gestos de José Porto, referindo-se ao seu projeto Casa da Vilarinha do ano de 1941, propriedade do cineasta Manoel de Oliveira.

A sua linguagem, no início dos anos 30, influenciada pelo modernismo parisiense, acontece num momento de opressão política e em que a própria Escola de Belas Artes do Porto refletia a Reforma de 31 de Marques da Silva, enraizada de um espírito Belas Artes. Apenas no início dos anos 40, a mítica escola deu início à mudança de linguagem, ainda com alguma resistência, para um ensino mais orientado ao modernismo internacional, com a contratação de Carlos Ramos, vindo da Escola de Belas Artes de Lisboa.

José Porto foi um arquiteto, provavelmente como tantos outros, que viu o seu trajeto e obra afastado da história do modernismo português. Merece estudo e divulgação, honrando o seu legado na história e refletindo o seu nome na bibliografia da especialidade.

Casa Ananias Torres, Caminha

José_Porto_fim Correção Final.indd

(BENTO, Paulo – José Porto (1883-1965), Desvendando o Arquiteto

de Vilar de Mouros, Centro de Instrução e Recreio Vilarmourense,

Junta de Freguesia de Vilar de Mouros)

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Contacto

Ângela Leitão

aleitao@anteprojectos.com.pt

Directora Geral

Av. Álvares Cabral, nº 61, 6º andar | 1250-017 Lisboa

Telefone 211 308 758 / 966 863 541

OPINIÃO: NOMES ESQUECIDOS DO MODERNISMO PORTUGUÊS DO INÍCIO DO SÉCULO XX

Categoria:  Artigos de Opinião

Publicado

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PAULO VILA VERDE ARQUITECTO

INQUIETUDE ARQUITETURA

O enquadramento histórico da arquitetura portuguesa do início do século XX, mantém oculto diversos nomes que contribuíram certamente para o surgimento e implementação de um novo modernismo, influenciado pela vanguarda europeia, nomeadamente o funcionalismo parisiense.

É o caso do arquiteto José Luiz Porto, nascido no ano de 1883 em Vilar de Mouros, e que desenvolveu, em 35 anos de atividade profissional, uma relevante produção em diversas escalas e programas, destinada a clientes particulares e a entidades de inegável importância.

Neste seu percurso, passa por Paris entre 1921 e 1933, onde teve a oportunidade de acompanhar o surgimento dos novos movimentos modernistas, sendo notórias as influências de Le Corbusier, Robert Mallet-Stevens e André Lurçat na sua obra. Regressa definitivamente a Portugal em 1933, onde se fixa na cidade do Porto, fazendo, contudo, uma incursão profissional à cidade da Beira em Moçambique, entre 1940 e 1949, regressando a partir daí à sua terra natal.

O vanguardismo e as influências parisienses que importa, refletem-se de imediato nas suas primeiras obras, como a Casa Ananias Torres em Caminha, cujo projeto data de Dezembro de 1934. Esta obra revela um conjunto de volumes depurados e desencontrados que promovem uma antecâmara exterior de entrada, terraços visitáveis, a vontade de uma cobertura plana, ainda que limitada tecnicamente, e o recurso aos pilotis. Estas características demonstram um alinhamento aos pontos para uma nova arquitetura de Le Corbusier, sendo também de referir, que esta foi das primeiras obras em Portugal, com recurso à estrutura porticada em betão armado. O célebre sistema Dominó, também da autoria de Le Corbusier, desenvolvido entre 1914 e 1917, e aplicado nas suas obras a partir do início da década de 20 na cidade de Paris e periferia.

Ao nível do interior da Casa Ananias, a abolição do tradicional hall de entrada e a relação dos espaços sociais e entre pisos, convivem intimamente com o exterior, ensaiando uma promenade que não era ainda explorada na arquitetura a norte de Portugal.

Facto este leva Nuno Portas, em 1978, a elogiar os gestos de José Porto, referindo-se ao seu projeto Casa da Vilarinha do ano de 1941, propriedade do cineasta Manoel de Oliveira.

A sua linguagem, no início dos anos 30, influenciada pelo modernismo parisiense, acontece num momento de opressão política e em que a própria Escola de Belas Artes do Porto refletia a Reforma de 31 de Marques da Silva, enraizada de um espírito Belas Artes. Apenas no início dos anos 40, a mítica escola deu início à mudança de linguagem, ainda com alguma resistência, para um ensino mais orientado ao modernismo internacional, com a contratação de Carlos Ramos, vindo da Escola de Belas Artes de Lisboa.

José Porto foi um arquiteto, provavelmente como tantos outros, que viu o seu trajeto e obra afastado da história do modernismo português. Merece estudo e divulgação, honrando o seu legado na história e refletindo o seu nome na bibliografia da especialidade.

Casa Ananias Torres, Caminha

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(BENTO, Paulo – José Porto (1883-1965), Desvendando o Arquiteto

de Vilar de Mouros, Centro de Instrução e Recreio Vilarmourense,

Junta de Freguesia de Vilar de Mouros)

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O enquadramento histórico da arquitetura portuguesa do início do século XX, mantém oculto diversos nomes que contribuíram certamente para o surgimento e implementação de um novo modernismo, influenciado pela vanguarda europeia, nomeadamente o funcionalismo parisiense.

É o caso do arquiteto José Luiz Porto, nascido no ano de 1883 em Vilar de Mouros, e que desenvolveu, em 35 anos de atividade profissional, uma relevante produção em diversas escalas e programas, destinada a clientes particulares e a entidades de inegável importância.

Neste seu percurso, passa por Paris entre 1921 e 1933, onde teve a oportunidade de acompanhar o surgimento dos novos movimentos modernistas, sendo notórias as influências de Le Corbusier, Robert Mallet-Stevens e André Lurçat na sua obra. Regressa definitivamente a Portugal em 1933, onde se fixa na cidade do Porto, fazendo, contudo, uma incursão profissional à cidade da Beira em Moçambique, entre 1940 e 1949, regressando a partir daí à sua terra natal.

O vanguardismo e as influências parisienses que importa, refletem-se de imediato nas suas primeiras obras, como a Casa Ananias Torres em Caminha, cujo projeto data de Dezembro de 1934. Esta obra revela um conjunto de volumes depurados e desencontrados que promovem uma antecâmara exterior de entrada, terraços visitáveis, a vontade de uma cobertura plana, ainda que limitada tecnicamente, e o recurso aos pilotis. Estas características demonstram um alinhamento aos pontos para uma nova arquitetura de Le Corbusier, sendo também de referir, que esta foi das primeiras obras em Portugal, com recurso à estrutura porticada em betão armado. O célebre sistema Dominó, também da autoria de Le Corbusier, desenvolvido entre 1914 e 1917, e aplicado nas suas obras a partir do início da década de 20 na cidade de Paris e periferia.

Ao nível do interior da Casa Ananias, a abolição do tradicional hall de entrada e a relação dos espaços sociais e entre pisos, convivem intimamente com o exterior, ensaiando uma promenade que não era ainda explorada na arquitetura a norte de Portugal.

Facto este leva Nuno Portas, em 1978, a elogiar os gestos de José Porto, referindo-se ao seu projeto Casa da Vilarinha do ano de 1941, propriedade do cineasta Manoel de Oliveira.

A sua linguagem, no início dos anos 30, influenciada pelo modernismo parisiense, acontece num momento de opressão política e em que a própria Escola de Belas Artes do Porto refletia a Reforma de 31 de Marques da Silva, enraizada de um espírito Belas Artes. Apenas no início dos anos 40, a mítica escola deu início à mudança de linguagem, ainda com alguma resistência, para um ensino mais orientado ao modernismo internacional, com a contratação de Carlos Ramos, vindo da Escola de Belas Artes de Lisboa.

José Porto foi um arquiteto, provavelmente como tantos outros, que viu o seu trajeto e obra afastado da história do modernismo português. Merece estudo e divulgação, honrando o seu legado na história e refletindo o seu nome na bibliografia da especialidade.

Casa Ananias Torres, Caminha

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(BENTO, Paulo – José Porto (1883-1965), Desvendando o Arquiteto

de Vilar de Mouros, Centro de Instrução e Recreio Vilarmourense,

Junta de Freguesia de Vilar de Mouros)