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“Portugal tem de arriscar um pouco mais”

Categoria:  Notícias do Dia

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Em entrevista ao CONSTRUIR, a secretária-geral da Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa aborda as expectativas para o III Fórum Económico Portugal-Países Árabes, que se realizará a 23 e 24 de Novembro, em Lisboa. Aida Bouabdellah sublinha o bom momento nas relações diplomáticas e económicas entre Portugal e os países árabes e garante que são inúmeras as oportunidades existentes…em ambos os lados. E explica em que medida é que as empresas poderão aumentar a sua competitividade nos mercados árabes

Para a secretária geral da Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa, Aida Bouabdellah, “Quando se fala em negócio, em relações bilaterais ao nível comercial ou industrial a premissa que deve estar sempre em cima da mesa é o ‘win-win’ “.

Quais são as expectativas para este terceiro encontro, tendo também em conta o que foi o balanço dos dois anteriores?

Iniciámos estes fóruns da Câmara em 2012 com a Federação das Câmaras de Comércio do Iraque com o intuito de servir de plataforma para as relações económicas entre Portugal e o Iraque. Assim o fizemos, abraçámos o desafio. Correu bastante bem. Houve uma forte ligação do encontro à construção e contámos com a presença do ministro das Obras Públicas do Iraque, o ministro da Habitação, o ministro dos Recursos Hídricos e muitas empresas iraquianas que quiseram ver, em Portugal, quais as oportunidades a longo prazo. E questionámo-nos sobre a viabilidade de replicar este modelo aos outros países árabes e assim aconteceu. As expectativas foram amplamente superadas e havendo interesse avançar para o segundo. É importante não deixar de ser continuo. Não podemos nunca deixar que as oportunidades “desapareçam”. Fazendo o primeiro e o segundo encontro há que encontrar formas de organizar o terceiro, o sexto, o décimo até realmente conseguirmos ganhar uma quota de mercado significativa e consolidada. Estamos sempre a tentar fazer mais e melhor na Câmara. A verdade é que agora somos nós que estamos a ser solicitados para a presença de organizações e empresas. Esta iniciativa conseguiu posicionar-se na agenda económica de Portugal, na agenda dos países árabes. Este é um bom momento para estar em Portugal, para se perceber as oportunidades que existem, para haver uma aproximação entre as todas as partes envolvidas. E são muitas. Isso não quer dizer que no próximo ano esta iniciativa não possa ter um outro modelo, com fóruns sectoriais, com iniciativas de Portugal nos Países Árabes mas este Fórum Económico tinha um vazio nas relações bilaterais que a Câmara conseguiu colmatar. As expectativas são altas e podemos já garantir a presença de mais de uma centena de empresários árabes que vêm discutir parcerias, além da componente institucional fortíssima. Vamos contar, por exemplo da União Geral das Câmaras de Comércio Árabes, organismo que tutela as câmaras de comércio e a sua presença, em cooperação com os Estados Árabes e com o Alto Patrocínio do Presidente da República, e tudo isto significará que Portugal está no radar de muitos interesses.

Quais serão as linhas fortes deste encontro?

Em primeiro lugar a discussão de temas que são estratégicos para Portugal e para os Países Árabes, como são a Construção, a indústria Agroalimentar, o Turismo e o investimento imobiliário. Estes sectores foram pensados como uma forte componente para ambos os lados. Os temas foram pensados como estratégicos. Isso não quer dizer que não haja interesse em outros sectores de actividade, que há. Mas neste momento entendemos condensar as coisas e defender a discussão em torno destes temas. A construção dominará a parte da manhã do primeiro dia e a tarde será dedicada ao Turismo e Investimento Imobiliário. O segundo dia será dedicado às reuniões bilaterais, ou tro grande foco deste encontro. O que pretendemos é que o empresário português e o empresário árabe, ou mesmo as instituições, se sentem à mesma mesa para trocar ideias. Não quer dizer que todas são materializadas mas importa que as partes tomem contacto com toda esta realidade. É um passo importantíssimo. Os objectivos são claros e passam não só pela captação de investimento para Portugal como pela internacionalização e exportação sob muitas formas das empresas portuguesas para estes países.

Estamos a falar de 22 países, cada qual com as suas particularidades. Ainda assim, é possível classificar a relação económica entre Portugal e esses países neste momento? Qual é o potencial que estes países podem apresentar às empresas portuguesas nestes domínios que estarão em destaque no Fórum?

As relações em termos de números, em termos de comércio, quadruplicaram. Estamos a falar de perto de dois bilhões de euros. É muito o que foi alcançado nos últimos 10 anos. Se por um lado havia desconhecimento por parte do que é português e o que é Portugal, hoje o desconhecido é menor. Se por um lado as empresas portuguesas não conheciam tão bem o que eram os países árabes, hoje em dia conhecem muito mais. Se olharmos para os ganhos e para a perspectiva de quem ganha mais com isso, diria que ganham ambos os lados. Quando se fala em negócio, em relações bilaterais ao nível comercial ou industrial a premissa que deve estar sempre em cima da mesa é o “win-win”. Ambas as partes ganham e é essa a relação que a Câmara apoia. As relações têm-se aprofundado, o conhecimento dos países árabes e o conhecimento de Portugal e o real interesse e abertura dos Países árabes a Portugal mas também das empresas portuguesas no global dos países tem vindo a aumentar. São assinados cada vez mais acordos bilaterais. Isso é muito positivo. Se isto é muito bom, se estamos num patamar bom das nossas relações e há muitas empresas a irem para muitos daqueles mercados não só por via da exportação, então podemos perceber que o caminho está a ser bem feito. Mas há muito mais a fazer. Contudo, existe ainda uma questão que importa acautelar: a estratégia. Quem for tem de ter uma estratégia, tem de estar bem preparado com linhas bem direccionadas, linhas muito objectivas da actuação da empresa e com a percepção que é um caminho que faz sentido que seja percorrido em grupo. Ir em grupo e mostrar que Portugal é forte, tem boas empresas e as empresas que já lá estão têm de olhar para as que querem ir com a percepção de que podem ser importantes. As sinergias, sobretudo no sector da construção, são francamente importantes. Muito já foi feito mas há ainda muito para fazer na potenciação das relações desde que haja o comprometimento por parte das empresas e por parte dos países de que é este o caminho a seguir.

O que está, no seu entender, a faltar para que essa presença possa ter resultados ainda melhores?

Nós, aqui na Câmara, reconhecemos o esforço das empresas portuguesas e muito temos defendido Portugal e o esforço das empresas portuguesas nos últimos anos. Há empresas fantásticas, pequenas, médias e grandes que estão nos Países Árabes e que estão a representar muito bem o País. Mas há que dar um passo em frente. Há que “ir” mais, há que arriscar um pouco mais e temos de desmistificar algo que possa haver ainda de pré-conceito em relação aos países árabes. Há formas e formas de fazer as coisas mas esse é um principio elementar que tanto é valido nos Países Árabes como em qualquer país europeu ou do Mundo. Importa quebrar certas barreiras mentais que existem sobre a distância, a cultura que não podemos alcançar. A Câmara está aqui precisamente para ajudar, para encaminhar e para fazer ver que as oportunidades são reais.

Atendendo ao que é a vossa experiência na conversa com as empresas que vos procuram, é possível perceber quais os principais desafios que as empresas têm de enfrentar para um processo minimamente sólido nestes mercados?

Há um aspecto que não é, definitivamente, impeditivo de se avançar para negócio: a cultura! Todos os países europeus têm relações com os países árabes, fazem negócio entre si. Os países europeus são o segundo partner de Portugal a seguir à Europa, são Partners de muitos países europeus e não é, seguramente, pela cultura. Os números indicam isso mesmo. A língua também não é problema atendendo a que muitos deles falam inglês ou francês, a maior parte das empresas portuguesas que pensam na internacionalização pensam e falam essas línguas igualmente. Há depois uma componente empresarial, de saber estar e falar e saber dirigir a um empresário que também não pode ser um entrave. Há alguns detalhes que podem ajudar, como uma apresentação em árabe ou um cartão de visita também em árabe, mas não é por aí. Havendo uma situação de win-win, pouco importa se entrega o cartão com a mão esquerda ou direita…É universal que quem quer vender tem de estar seguro do que está a fazer, tem de transmitir segurança. Portugal estava, até há uns anos, mais voltado para certos países que neste momento não estão a dar capacidade de resposta às empresas portuguesas pelo que estão mais pressionadas para encontrar soluções alternativas. E, sinceramente, exceptuando os países árabes, que outros mercados poderão apresentar-se como uma alternativa sólida e concreta? Portugal tem de arriscar e tem se saber vender. Há belíssimas empresas, com preços super-competitivos, com know-how que não há igual mas a quem lhes falta segurança e, em muitos casos, dimensão para se internacionalizarem, mas que têm de estar seguras do que são e têm de estudar a concorrência que existe naquele determinado mercado, seja mundial ou europeia. As empresas têm de estar preparadas. A CCIAP tem criado plataformas e mecanismos, como o Fórum Económico, importantes para abrir portas em muitos desses países. Nós vamos, levamos empresas connosco, elaboramos agendas hora a hora, traçamos estratégias empresariais e montamos toda a operação e ao mesmo tempo montamos estruturas para nos mantermos por cinco dias num determinado país. Mas cabe às empresas fazer o trabalho de casa.

Fonte: Jornal Construir

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aleitao@anteprojectos.com.pt

Directora Geral

Av. Álvares Cabral, nº 61, 6º andar | 1250-017 Lisboa

Telefone 211 308 758 / 966 863 541

“Portugal tem de arriscar um pouco mais”

Categoria:  Notícias do Dia

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Em entrevista ao CONSTRUIR, a secretária-geral da Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa aborda as expectativas para o III Fórum Económico Portugal-Países Árabes, que se realizará a 23 e 24 de Novembro, em Lisboa. Aida Bouabdellah sublinha o bom momento nas relações diplomáticas e económicas entre Portugal e os países árabes e garante que são inúmeras as oportunidades existentes…em ambos os lados. E explica em que medida é que as empresas poderão aumentar a sua competitividade nos mercados árabes

Para a secretária geral da Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa, Aida Bouabdellah, “Quando se fala em negócio, em relações bilaterais ao nível comercial ou industrial a premissa que deve estar sempre em cima da mesa é o ‘win-win’ “.

Quais são as expectativas para este terceiro encontro, tendo também em conta o que foi o balanço dos dois anteriores?

Iniciámos estes fóruns da Câmara em 2012 com a Federação das Câmaras de Comércio do Iraque com o intuito de servir de plataforma para as relações económicas entre Portugal e o Iraque. Assim o fizemos, abraçámos o desafio. Correu bastante bem. Houve uma forte ligação do encontro à construção e contámos com a presença do ministro das Obras Públicas do Iraque, o ministro da Habitação, o ministro dos Recursos Hídricos e muitas empresas iraquianas que quiseram ver, em Portugal, quais as oportunidades a longo prazo. E questionámo-nos sobre a viabilidade de replicar este modelo aos outros países árabes e assim aconteceu. As expectativas foram amplamente superadas e havendo interesse avançar para o segundo. É importante não deixar de ser continuo. Não podemos nunca deixar que as oportunidades “desapareçam”. Fazendo o primeiro e o segundo encontro há que encontrar formas de organizar o terceiro, o sexto, o décimo até realmente conseguirmos ganhar uma quota de mercado significativa e consolidada. Estamos sempre a tentar fazer mais e melhor na Câmara. A verdade é que agora somos nós que estamos a ser solicitados para a presença de organizações e empresas. Esta iniciativa conseguiu posicionar-se na agenda económica de Portugal, na agenda dos países árabes. Este é um bom momento para estar em Portugal, para se perceber as oportunidades que existem, para haver uma aproximação entre as todas as partes envolvidas. E são muitas. Isso não quer dizer que no próximo ano esta iniciativa não possa ter um outro modelo, com fóruns sectoriais, com iniciativas de Portugal nos Países Árabes mas este Fórum Económico tinha um vazio nas relações bilaterais que a Câmara conseguiu colmatar. As expectativas são altas e podemos já garantir a presença de mais de uma centena de empresários árabes que vêm discutir parcerias, além da componente institucional fortíssima. Vamos contar, por exemplo da União Geral das Câmaras de Comércio Árabes, organismo que tutela as câmaras de comércio e a sua presença, em cooperação com os Estados Árabes e com o Alto Patrocínio do Presidente da República, e tudo isto significará que Portugal está no radar de muitos interesses.

Quais serão as linhas fortes deste encontro?

Em primeiro lugar a discussão de temas que são estratégicos para Portugal e para os Países Árabes, como são a Construção, a indústria Agroalimentar, o Turismo e o investimento imobiliário. Estes sectores foram pensados como uma forte componente para ambos os lados. Os temas foram pensados como estratégicos. Isso não quer dizer que não haja interesse em outros sectores de actividade, que há. Mas neste momento entendemos condensar as coisas e defender a discussão em torno destes temas. A construção dominará a parte da manhã do primeiro dia e a tarde será dedicada ao Turismo e Investimento Imobiliário. O segundo dia será dedicado às reuniões bilaterais, ou tro grande foco deste encontro. O que pretendemos é que o empresário português e o empresário árabe, ou mesmo as instituições, se sentem à mesma mesa para trocar ideias. Não quer dizer que todas são materializadas mas importa que as partes tomem contacto com toda esta realidade. É um passo importantíssimo. Os objectivos são claros e passam não só pela captação de investimento para Portugal como pela internacionalização e exportação sob muitas formas das empresas portuguesas para estes países.

Estamos a falar de 22 países, cada qual com as suas particularidades. Ainda assim, é possível classificar a relação económica entre Portugal e esses países neste momento? Qual é o potencial que estes países podem apresentar às empresas portuguesas nestes domínios que estarão em destaque no Fórum?

As relações em termos de números, em termos de comércio, quadruplicaram. Estamos a falar de perto de dois bilhões de euros. É muito o que foi alcançado nos últimos 10 anos. Se por um lado havia desconhecimento por parte do que é português e o que é Portugal, hoje o desconhecido é menor. Se por um lado as empresas portuguesas não conheciam tão bem o que eram os países árabes, hoje em dia conhecem muito mais. Se olharmos para os ganhos e para a perspectiva de quem ganha mais com isso, diria que ganham ambos os lados. Quando se fala em negócio, em relações bilaterais ao nível comercial ou industrial a premissa que deve estar sempre em cima da mesa é o “win-win”. Ambas as partes ganham e é essa a relação que a Câmara apoia. As relações têm-se aprofundado, o conhecimento dos países árabes e o conhecimento de Portugal e o real interesse e abertura dos Países árabes a Portugal mas também das empresas portuguesas no global dos países tem vindo a aumentar. São assinados cada vez mais acordos bilaterais. Isso é muito positivo. Se isto é muito bom, se estamos num patamar bom das nossas relações e há muitas empresas a irem para muitos daqueles mercados não só por via da exportação, então podemos perceber que o caminho está a ser bem feito. Mas há muito mais a fazer. Contudo, existe ainda uma questão que importa acautelar: a estratégia. Quem for tem de ter uma estratégia, tem de estar bem preparado com linhas bem direccionadas, linhas muito objectivas da actuação da empresa e com a percepção que é um caminho que faz sentido que seja percorrido em grupo. Ir em grupo e mostrar que Portugal é forte, tem boas empresas e as empresas que já lá estão têm de olhar para as que querem ir com a percepção de que podem ser importantes. As sinergias, sobretudo no sector da construção, são francamente importantes. Muito já foi feito mas há ainda muito para fazer na potenciação das relações desde que haja o comprometimento por parte das empresas e por parte dos países de que é este o caminho a seguir.

O que está, no seu entender, a faltar para que essa presença possa ter resultados ainda melhores?

Nós, aqui na Câmara, reconhecemos o esforço das empresas portuguesas e muito temos defendido Portugal e o esforço das empresas portuguesas nos últimos anos. Há empresas fantásticas, pequenas, médias e grandes que estão nos Países Árabes e que estão a representar muito bem o País. Mas há que dar um passo em frente. Há que “ir” mais, há que arriscar um pouco mais e temos de desmistificar algo que possa haver ainda de pré-conceito em relação aos países árabes. Há formas e formas de fazer as coisas mas esse é um principio elementar que tanto é valido nos Países Árabes como em qualquer país europeu ou do Mundo. Importa quebrar certas barreiras mentais que existem sobre a distância, a cultura que não podemos alcançar. A Câmara está aqui precisamente para ajudar, para encaminhar e para fazer ver que as oportunidades são reais.

Atendendo ao que é a vossa experiência na conversa com as empresas que vos procuram, é possível perceber quais os principais desafios que as empresas têm de enfrentar para um processo minimamente sólido nestes mercados?

Há um aspecto que não é, definitivamente, impeditivo de se avançar para negócio: a cultura! Todos os países europeus têm relações com os países árabes, fazem negócio entre si. Os países europeus são o segundo partner de Portugal a seguir à Europa, são Partners de muitos países europeus e não é, seguramente, pela cultura. Os números indicam isso mesmo. A língua também não é problema atendendo a que muitos deles falam inglês ou francês, a maior parte das empresas portuguesas que pensam na internacionalização pensam e falam essas línguas igualmente. Há depois uma componente empresarial, de saber estar e falar e saber dirigir a um empresário que também não pode ser um entrave. Há alguns detalhes que podem ajudar, como uma apresentação em árabe ou um cartão de visita também em árabe, mas não é por aí. Havendo uma situação de win-win, pouco importa se entrega o cartão com a mão esquerda ou direita…É universal que quem quer vender tem de estar seguro do que está a fazer, tem de transmitir segurança. Portugal estava, até há uns anos, mais voltado para certos países que neste momento não estão a dar capacidade de resposta às empresas portuguesas pelo que estão mais pressionadas para encontrar soluções alternativas. E, sinceramente, exceptuando os países árabes, que outros mercados poderão apresentar-se como uma alternativa sólida e concreta? Portugal tem de arriscar e tem se saber vender. Há belíssimas empresas, com preços super-competitivos, com know-how que não há igual mas a quem lhes falta segurança e, em muitos casos, dimensão para se internacionalizarem, mas que têm de estar seguras do que são e têm de estudar a concorrência que existe naquele determinado mercado, seja mundial ou europeia. As empresas têm de estar preparadas. A CCIAP tem criado plataformas e mecanismos, como o Fórum Económico, importantes para abrir portas em muitos desses países. Nós vamos, levamos empresas connosco, elaboramos agendas hora a hora, traçamos estratégias empresariais e montamos toda a operação e ao mesmo tempo montamos estruturas para nos mantermos por cinco dias num determinado país. Mas cabe às empresas fazer o trabalho de casa.

Fonte: Jornal Construir

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Em entrevista ao CONSTRUIR, a secretária-geral da Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa aborda as expectativas para o III Fórum Económico Portugal-Países Árabes, que se realizará a 23 e 24 de Novembro, em Lisboa. Aida Bouabdellah sublinha o bom momento nas relações diplomáticas e económicas entre Portugal e os países árabes e garante que são inúmeras as oportunidades existentes…em ambos os lados. E explica em que medida é que as empresas poderão aumentar a sua competitividade nos mercados árabes

Para a secretária geral da Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa, Aida Bouabdellah, “Quando se fala em negócio, em relações bilaterais ao nível comercial ou industrial a premissa que deve estar sempre em cima da mesa é o ‘win-win’ “.

Quais são as expectativas para este terceiro encontro, tendo também em conta o que foi o balanço dos dois anteriores?

Iniciámos estes fóruns da Câmara em 2012 com a Federação das Câmaras de Comércio do Iraque com o intuito de servir de plataforma para as relações económicas entre Portugal e o Iraque. Assim o fizemos, abraçámos o desafio. Correu bastante bem. Houve uma forte ligação do encontro à construção e contámos com a presença do ministro das Obras Públicas do Iraque, o ministro da Habitação, o ministro dos Recursos Hídricos e muitas empresas iraquianas que quiseram ver, em Portugal, quais as oportunidades a longo prazo. E questionámo-nos sobre a viabilidade de replicar este modelo aos outros países árabes e assim aconteceu. As expectativas foram amplamente superadas e havendo interesse avançar para o segundo. É importante não deixar de ser continuo. Não podemos nunca deixar que as oportunidades “desapareçam”. Fazendo o primeiro e o segundo encontro há que encontrar formas de organizar o terceiro, o sexto, o décimo até realmente conseguirmos ganhar uma quota de mercado significativa e consolidada. Estamos sempre a tentar fazer mais e melhor na Câmara. A verdade é que agora somos nós que estamos a ser solicitados para a presença de organizações e empresas. Esta iniciativa conseguiu posicionar-se na agenda económica de Portugal, na agenda dos países árabes. Este é um bom momento para estar em Portugal, para se perceber as oportunidades que existem, para haver uma aproximação entre as todas as partes envolvidas. E são muitas. Isso não quer dizer que no próximo ano esta iniciativa não possa ter um outro modelo, com fóruns sectoriais, com iniciativas de Portugal nos Países Árabes mas este Fórum Económico tinha um vazio nas relações bilaterais que a Câmara conseguiu colmatar. As expectativas são altas e podemos já garantir a presença de mais de uma centena de empresários árabes que vêm discutir parcerias, além da componente institucional fortíssima. Vamos contar, por exemplo da União Geral das Câmaras de Comércio Árabes, organismo que tutela as câmaras de comércio e a sua presença, em cooperação com os Estados Árabes e com o Alto Patrocínio do Presidente da República, e tudo isto significará que Portugal está no radar de muitos interesses.

Quais serão as linhas fortes deste encontro?

Em primeiro lugar a discussão de temas que são estratégicos para Portugal e para os Países Árabes, como são a Construção, a indústria Agroalimentar, o Turismo e o investimento imobiliário. Estes sectores foram pensados como uma forte componente para ambos os lados. Os temas foram pensados como estratégicos. Isso não quer dizer que não haja interesse em outros sectores de actividade, que há. Mas neste momento entendemos condensar as coisas e defender a discussão em torno destes temas. A construção dominará a parte da manhã do primeiro dia e a tarde será dedicada ao Turismo e Investimento Imobiliário. O segundo dia será dedicado às reuniões bilaterais, ou tro grande foco deste encontro. O que pretendemos é que o empresário português e o empresário árabe, ou mesmo as instituições, se sentem à mesma mesa para trocar ideias. Não quer dizer que todas são materializadas mas importa que as partes tomem contacto com toda esta realidade. É um passo importantíssimo. Os objectivos são claros e passam não só pela captação de investimento para Portugal como pela internacionalização e exportação sob muitas formas das empresas portuguesas para estes países.

Estamos a falar de 22 países, cada qual com as suas particularidades. Ainda assim, é possível classificar a relação económica entre Portugal e esses países neste momento? Qual é o potencial que estes países podem apresentar às empresas portuguesas nestes domínios que estarão em destaque no Fórum?

As relações em termos de números, em termos de comércio, quadruplicaram. Estamos a falar de perto de dois bilhões de euros. É muito o que foi alcançado nos últimos 10 anos. Se por um lado havia desconhecimento por parte do que é português e o que é Portugal, hoje o desconhecido é menor. Se por um lado as empresas portuguesas não conheciam tão bem o que eram os países árabes, hoje em dia conhecem muito mais. Se olharmos para os ganhos e para a perspectiva de quem ganha mais com isso, diria que ganham ambos os lados. Quando se fala em negócio, em relações bilaterais ao nível comercial ou industrial a premissa que deve estar sempre em cima da mesa é o “win-win”. Ambas as partes ganham e é essa a relação que a Câmara apoia. As relações têm-se aprofundado, o conhecimento dos países árabes e o conhecimento de Portugal e o real interesse e abertura dos Países árabes a Portugal mas também das empresas portuguesas no global dos países tem vindo a aumentar. São assinados cada vez mais acordos bilaterais. Isso é muito positivo. Se isto é muito bom, se estamos num patamar bom das nossas relações e há muitas empresas a irem para muitos daqueles mercados não só por via da exportação, então podemos perceber que o caminho está a ser bem feito. Mas há muito mais a fazer. Contudo, existe ainda uma questão que importa acautelar: a estratégia. Quem for tem de ter uma estratégia, tem de estar bem preparado com linhas bem direccionadas, linhas muito objectivas da actuação da empresa e com a percepção que é um caminho que faz sentido que seja percorrido em grupo. Ir em grupo e mostrar que Portugal é forte, tem boas empresas e as empresas que já lá estão têm de olhar para as que querem ir com a percepção de que podem ser importantes. As sinergias, sobretudo no sector da construção, são francamente importantes. Muito já foi feito mas há ainda muito para fazer na potenciação das relações desde que haja o comprometimento por parte das empresas e por parte dos países de que é este o caminho a seguir.

O que está, no seu entender, a faltar para que essa presença possa ter resultados ainda melhores?

Nós, aqui na Câmara, reconhecemos o esforço das empresas portuguesas e muito temos defendido Portugal e o esforço das empresas portuguesas nos últimos anos. Há empresas fantásticas, pequenas, médias e grandes que estão nos Países Árabes e que estão a representar muito bem o País. Mas há que dar um passo em frente. Há que “ir” mais, há que arriscar um pouco mais e temos de desmistificar algo que possa haver ainda de pré-conceito em relação aos países árabes. Há formas e formas de fazer as coisas mas esse é um principio elementar que tanto é valido nos Países Árabes como em qualquer país europeu ou do Mundo. Importa quebrar certas barreiras mentais que existem sobre a distância, a cultura que não podemos alcançar. A Câmara está aqui precisamente para ajudar, para encaminhar e para fazer ver que as oportunidades são reais.

Atendendo ao que é a vossa experiência na conversa com as empresas que vos procuram, é possível perceber quais os principais desafios que as empresas têm de enfrentar para um processo minimamente sólido nestes mercados?

Há um aspecto que não é, definitivamente, impeditivo de se avançar para negócio: a cultura! Todos os países europeus têm relações com os países árabes, fazem negócio entre si. Os países europeus são o segundo partner de Portugal a seguir à Europa, são Partners de muitos países europeus e não é, seguramente, pela cultura. Os números indicam isso mesmo. A língua também não é problema atendendo a que muitos deles falam inglês ou francês, a maior parte das empresas portuguesas que pensam na internacionalização pensam e falam essas línguas igualmente. Há depois uma componente empresarial, de saber estar e falar e saber dirigir a um empresário que também não pode ser um entrave. Há alguns detalhes que podem ajudar, como uma apresentação em árabe ou um cartão de visita também em árabe, mas não é por aí. Havendo uma situação de win-win, pouco importa se entrega o cartão com a mão esquerda ou direita…É universal que quem quer vender tem de estar seguro do que está a fazer, tem de transmitir segurança. Portugal estava, até há uns anos, mais voltado para certos países que neste momento não estão a dar capacidade de resposta às empresas portuguesas pelo que estão mais pressionadas para encontrar soluções alternativas. E, sinceramente, exceptuando os países árabes, que outros mercados poderão apresentar-se como uma alternativa sólida e concreta? Portugal tem de arriscar e tem se saber vender. Há belíssimas empresas, com preços super-competitivos, com know-how que não há igual mas a quem lhes falta segurança e, em muitos casos, dimensão para se internacionalizarem, mas que têm de estar seguras do que são e têm de estudar a concorrência que existe naquele determinado mercado, seja mundial ou europeia. As empresas têm de estar preparadas. A CCIAP tem criado plataformas e mecanismos, como o Fórum Económico, importantes para abrir portas em muitos desses países. Nós vamos, levamos empresas connosco, elaboramos agendas hora a hora, traçamos estratégias empresariais e montamos toda a operação e ao mesmo tempo montamos estruturas para nos mantermos por cinco dias num determinado país. Mas cabe às empresas fazer o trabalho de casa.

Fonte: Jornal Construir