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Opinião: 2025, 12 MESES, 12 CRÓNICAS SOBRE…

Categoria:  Artigos de Opinião

Publicado

Paulo Vila Verde
ARQUITECTO - INQUIETUDE ARQUITETURA

 

Parece perpetuar-se o debate a favor da expansão da cidade portuguesa sob o pretexto de agendas oportunas. Interessa uma ampliação regulamentada, não por regra abstrata, mas interessa também promover soluções a partir do que já está edificado.
A intervenção não pode apenas passar pela facilidade da sua ampliação, ultrapassando os limites anteriormente definidos, nem a sua reabilitação pode apenas surgir no que existe entre os limites da rua, incluindo a própria. 
Sabe-se que construir é mais célebre do que intervir no edificado e compreende-se também que o edificado apresenta limitações. Porém, talvez neste edificado seja possível um manuseamento interventivo mais focado na consciência da humanização que valorizará o habitat e a energia. 
Muito se questiona a cidade, no entanto as receitas usadas podem estar já ultrapassadas, promovendo a falência das suas dinâmicas e apropriações humanas, parecendo já não ser capaz de nos cativar ao ser percorrida. Urge, portanto, o extravasar da área do conforto concecional e ponderar pragmaticamente se não terá desvanecido o sentimento orgânico e emocional das pessoas pela cidade e o reconhecimento como sendo sua. Existirá uma crise de identidade na própria cidade, remetendo-a a um mero espaço laboral onde se pernoita?
Aqui, o exercício da criatividade deve ser desfocado a um único propósito, visando a regeneração social dos espaços da cidade existente, reformando usos, costumes, circuitos e dinâmicas. A urbe tem de criar expectativa, ser surpreendente, divertida, vibrante, humana! A resposta a encontrar no que a cidade oferece, ou ofereceu, poderá estar difusa por camadas sobrepostas de um modernismo de certa forma mecanizado e cronometrado.
É necessária a exceção que se traduz em orgulho pela cidade e fazendo-nos ansiar pela visita dos nossos amigos, sentindo-a como nosso espaço de partilha. Contudo muitos são os casos que definham à espera de vontades, revelando que a solução mais recorrente mostra dificuldade em incorporar a verdadeira qualidade humana. 
A linearidade de funções tem-se refletido numa cidade menos pública e mais privada e laboral. Parece ter deixado de existir um meio termo, a meia função, ou até a mistura de ambos, passando tudo a se resolver pelo limite da fachada e pelo calibre e velocidade das ruas. Ruas essas que tendem a ser barreiras movimentadas, prioritariamente mono funcionais, e onde interessa circular entre pontos o mais rápido possível. 
Talvez se pudesse atenuar o desenho da linha entre o público e o privado, considerando a existência de um terceiro conceito entre eles.
Encerrando as pessoas entre paredes e libertando a rua ao vínculo automóvel, questiona-se qual é, afinal, o novo espaço do ser humano? Parece apenas restar-lhe o espaço confinado à sua habitação, posto de trabalho e ao cockpit do seu automóvel, com breves exceções de percurso entre eles, sendo o movimento delimitado entre a barreira e a velocidade que nos é imposta. 
No entanto, inúmeras são as possibilidades que podem romper os limites rígidos, geométricos e vínculos formativos e programáticos, podendo ser interessante criar ações transversais à linearidade vincada pelo edificado, arruamentos e movimento motorizado. 
O ser humano é orgânico e a sua movimentação curvilínea e de ritmos díspares é atraída por pontos focais de interesse ou surpresa, ou curiosidade pelos espaços e formas. Pode este ser o mote para uma nova cidade.
E a cidade no nosso entorno já é tão expressiva. 
Ela dispõe de inúmeras oportunidades a explorar sejam elas habitacionais ou sociais, interiores ou exteriores, públicas ou privadas, ou algures entre estas características.
Todos os “espaços de ninguém” que lhe pertencem podem ser reformulados indo ao encontro de novas valências, ganhando função e promovendo núcleos de contida apropriação pública, protegida das dinâmicas aceleradas de algumas ruas e oferecendo um ambiente citadino de acalmia. Um segredo escondido à vista e ao dispor de todos!
Estas áreas poderão surgir relacionadas com atravessamentos excecionais nos edifícios, criando corredores sociais e comerciais de certa forma controlados, estimulando riqueza de movimentos orgânicos de atalho e fomentadores de dinâmicas humanas. Assim se poderiam criar estratégias de apropriação multifuncional que se dispersariam pela malha urbana, valorizando-a e dando sentido a espaços, antes privados e abandonados, incorporando um novo desenho estratégico na cidade que já existe, reconvertendo-a num melhor futuro. 
Pode o arrojo na criatividade do manuseamento e quebra do limite ser solução proporcionadora da desconstrução funcional e circulatória da essência atual da cidade, manipulando as pré-existências e reconfigurando a fórmula dos futuros edificados, refletindo-se numa melhoria da qualidade da saúde, mobilidade, espaço público e momentos de pausa. Um bem social necessário!

 

 

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Av. Álvares Cabral, nº 61, 6º andar | 1250-017 Lisboa

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Opinião: 2025, 12 MESES, 12 CRÓNICAS SOBRE…

Categoria:  Artigos de Opinião

Publicado

Paulo Vila Verde
ARQUITECTO - INQUIETUDE ARQUITETURA

 

Parece perpetuar-se o debate a favor da expansão da cidade portuguesa sob o pretexto de agendas oportunas. Interessa uma ampliação regulamentada, não por regra abstrata, mas interessa também promover soluções a partir do que já está edificado.
A intervenção não pode apenas passar pela facilidade da sua ampliação, ultrapassando os limites anteriormente definidos, nem a sua reabilitação pode apenas surgir no que existe entre os limites da rua, incluindo a própria. 
Sabe-se que construir é mais célebre do que intervir no edificado e compreende-se também que o edificado apresenta limitações. Porém, talvez neste edificado seja possível um manuseamento interventivo mais focado na consciência da humanização que valorizará o habitat e a energia. 
Muito se questiona a cidade, no entanto as receitas usadas podem estar já ultrapassadas, promovendo a falência das suas dinâmicas e apropriações humanas, parecendo já não ser capaz de nos cativar ao ser percorrida. Urge, portanto, o extravasar da área do conforto concecional e ponderar pragmaticamente se não terá desvanecido o sentimento orgânico e emocional das pessoas pela cidade e o reconhecimento como sendo sua. Existirá uma crise de identidade na própria cidade, remetendo-a a um mero espaço laboral onde se pernoita?
Aqui, o exercício da criatividade deve ser desfocado a um único propósito, visando a regeneração social dos espaços da cidade existente, reformando usos, costumes, circuitos e dinâmicas. A urbe tem de criar expectativa, ser surpreendente, divertida, vibrante, humana! A resposta a encontrar no que a cidade oferece, ou ofereceu, poderá estar difusa por camadas sobrepostas de um modernismo de certa forma mecanizado e cronometrado.
É necessária a exceção que se traduz em orgulho pela cidade e fazendo-nos ansiar pela visita dos nossos amigos, sentindo-a como nosso espaço de partilha. Contudo muitos são os casos que definham à espera de vontades, revelando que a solução mais recorrente mostra dificuldade em incorporar a verdadeira qualidade humana. 
A linearidade de funções tem-se refletido numa cidade menos pública e mais privada e laboral. Parece ter deixado de existir um meio termo, a meia função, ou até a mistura de ambos, passando tudo a se resolver pelo limite da fachada e pelo calibre e velocidade das ruas. Ruas essas que tendem a ser barreiras movimentadas, prioritariamente mono funcionais, e onde interessa circular entre pontos o mais rápido possível. 
Talvez se pudesse atenuar o desenho da linha entre o público e o privado, considerando a existência de um terceiro conceito entre eles.
Encerrando as pessoas entre paredes e libertando a rua ao vínculo automóvel, questiona-se qual é, afinal, o novo espaço do ser humano? Parece apenas restar-lhe o espaço confinado à sua habitação, posto de trabalho e ao cockpit do seu automóvel, com breves exceções de percurso entre eles, sendo o movimento delimitado entre a barreira e a velocidade que nos é imposta. 
No entanto, inúmeras são as possibilidades que podem romper os limites rígidos, geométricos e vínculos formativos e programáticos, podendo ser interessante criar ações transversais à linearidade vincada pelo edificado, arruamentos e movimento motorizado. 
O ser humano é orgânico e a sua movimentação curvilínea e de ritmos díspares é atraída por pontos focais de interesse ou surpresa, ou curiosidade pelos espaços e formas. Pode este ser o mote para uma nova cidade.
E a cidade no nosso entorno já é tão expressiva. 
Ela dispõe de inúmeras oportunidades a explorar sejam elas habitacionais ou sociais, interiores ou exteriores, públicas ou privadas, ou algures entre estas características.
Todos os “espaços de ninguém” que lhe pertencem podem ser reformulados indo ao encontro de novas valências, ganhando função e promovendo núcleos de contida apropriação pública, protegida das dinâmicas aceleradas de algumas ruas e oferecendo um ambiente citadino de acalmia. Um segredo escondido à vista e ao dispor de todos!
Estas áreas poderão surgir relacionadas com atravessamentos excecionais nos edifícios, criando corredores sociais e comerciais de certa forma controlados, estimulando riqueza de movimentos orgânicos de atalho e fomentadores de dinâmicas humanas. Assim se poderiam criar estratégias de apropriação multifuncional que se dispersariam pela malha urbana, valorizando-a e dando sentido a espaços, antes privados e abandonados, incorporando um novo desenho estratégico na cidade que já existe, reconvertendo-a num melhor futuro. 
Pode o arrojo na criatividade do manuseamento e quebra do limite ser solução proporcionadora da desconstrução funcional e circulatória da essência atual da cidade, manipulando as pré-existências e reconfigurando a fórmula dos futuros edificados, refletindo-se numa melhoria da qualidade da saúde, mobilidade, espaço público e momentos de pausa. Um bem social necessário!

 

 

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Parece perpetuar-se o debate a favor da expansão da cidade portuguesa sob o pretexto de agendas oportunas. Interessa uma ampliação regulamentada, não por regra abstrata, mas interessa também promover soluções a partir do que já está edificado.
A intervenção não pode apenas passar pela facilidade da sua ampliação, ultrapassando os limites anteriormente definidos, nem a sua reabilitação pode apenas surgir no que existe entre os limites da rua, incluindo a própria. 
Sabe-se que construir é mais célebre do que intervir no edificado e compreende-se também que o edificado apresenta limitações. Porém, talvez neste edificado seja possível um manuseamento interventivo mais focado na consciência da humanização que valorizará o habitat e a energia. 
Muito se questiona a cidade, no entanto as receitas usadas podem estar já ultrapassadas, promovendo a falência das suas dinâmicas e apropriações humanas, parecendo já não ser capaz de nos cativar ao ser percorrida. Urge, portanto, o extravasar da área do conforto concecional e ponderar pragmaticamente se não terá desvanecido o sentimento orgânico e emocional das pessoas pela cidade e o reconhecimento como sendo sua. Existirá uma crise de identidade na própria cidade, remetendo-a a um mero espaço laboral onde se pernoita?
Aqui, o exercício da criatividade deve ser desfocado a um único propósito, visando a regeneração social dos espaços da cidade existente, reformando usos, costumes, circuitos e dinâmicas. A urbe tem de criar expectativa, ser surpreendente, divertida, vibrante, humana! A resposta a encontrar no que a cidade oferece, ou ofereceu, poderá estar difusa por camadas sobrepostas de um modernismo de certa forma mecanizado e cronometrado.
É necessária a exceção que se traduz em orgulho pela cidade e fazendo-nos ansiar pela visita dos nossos amigos, sentindo-a como nosso espaço de partilha. Contudo muitos são os casos que definham à espera de vontades, revelando que a solução mais recorrente mostra dificuldade em incorporar a verdadeira qualidade humana. 
A linearidade de funções tem-se refletido numa cidade menos pública e mais privada e laboral. Parece ter deixado de existir um meio termo, a meia função, ou até a mistura de ambos, passando tudo a se resolver pelo limite da fachada e pelo calibre e velocidade das ruas. Ruas essas que tendem a ser barreiras movimentadas, prioritariamente mono funcionais, e onde interessa circular entre pontos o mais rápido possível. 
Talvez se pudesse atenuar o desenho da linha entre o público e o privado, considerando a existência de um terceiro conceito entre eles.
Encerrando as pessoas entre paredes e libertando a rua ao vínculo automóvel, questiona-se qual é, afinal, o novo espaço do ser humano? Parece apenas restar-lhe o espaço confinado à sua habitação, posto de trabalho e ao cockpit do seu automóvel, com breves exceções de percurso entre eles, sendo o movimento delimitado entre a barreira e a velocidade que nos é imposta. 
No entanto, inúmeras são as possibilidades que podem romper os limites rígidos, geométricos e vínculos formativos e programáticos, podendo ser interessante criar ações transversais à linearidade vincada pelo edificado, arruamentos e movimento motorizado. 
O ser humano é orgânico e a sua movimentação curvilínea e de ritmos díspares é atraída por pontos focais de interesse ou surpresa, ou curiosidade pelos espaços e formas. Pode este ser o mote para uma nova cidade.
E a cidade no nosso entorno já é tão expressiva. 
Ela dispõe de inúmeras oportunidades a explorar sejam elas habitacionais ou sociais, interiores ou exteriores, públicas ou privadas, ou algures entre estas características.
Todos os “espaços de ninguém” que lhe pertencem podem ser reformulados indo ao encontro de novas valências, ganhando função e promovendo núcleos de contida apropriação pública, protegida das dinâmicas aceleradas de algumas ruas e oferecendo um ambiente citadino de acalmia. Um segredo escondido à vista e ao dispor de todos!
Estas áreas poderão surgir relacionadas com atravessamentos excecionais nos edifícios, criando corredores sociais e comerciais de certa forma controlados, estimulando riqueza de movimentos orgânicos de atalho e fomentadores de dinâmicas humanas. Assim se poderiam criar estratégias de apropriação multifuncional que se dispersariam pela malha urbana, valorizando-a e dando sentido a espaços, antes privados e abandonados, incorporando um novo desenho estratégico na cidade que já existe, reconvertendo-a num melhor futuro. 
Pode o arrojo na criatividade do manuseamento e quebra do limite ser solução proporcionadora da desconstrução funcional e circulatória da essência atual da cidade, manipulando as pré-existências e reconfigurando a fórmula dos futuros edificados, refletindo-se numa melhoria da qualidade da saúde, mobilidade, espaço público e momentos de pausa. Um bem social necessário!