logo
Esta página tem conteúdos que apenas estão disponíveis para Assinantes. Se já é assinante, faça login. Se ainda não é assinante, considere assinar a Anteprojectos.
logo

resultados

logo

OPINIÃO: BIM e o potencial da inteligência artificial

Categoria:  Artigos de Opinião

Publicado

Madalena Mariz
BIM Manager e Arquiteta na Openbook

Quantos de nós já ponderámos sobre a exequibilidade de uma alteração ao projeto devido à quantidade de desenhos que teriam de ser refeitos, encontrámos dificuldade em gerar uma imagem que sintetizasse o conceito do projeto, produzimos dezenas de alternativas para determinar a melhor distribuição e articulação entre espaços para um programa funcional extenso, ou despendemos incontáveis horas a calcular as áreas resultantes de cada nova proposta? Há na maior parte destas tarefas uma dimensão extremamente laboriosa, normalmente impercetível para o cliente e à qual a nossa formação académica e profissional não traz valor acrescentado. 
É fácil identificar as ferramentas a que hoje já recorremos para nos apoiarem nestas tarefas, mas parece-me que podemos ser ainda mais ambiciosos. 
E a inteligência artificial (IA) pode ser claramente uma resposta a muita da nossa intenção.
A adoção da metodologia BIM no âmbito da arquitetura, engenharia e construção (AEC) requere, entre outros aspetos, a definição dos usos ou finalidades que a justificam, a regulação orgânica das relações entre os diversos intervenientes envolvidos no processo e a criação de modelos (relacionando geometria e informação) através dos quais todo o ciclo de vida do edifício é simulado. A digitalização de todo o processo revela-se a incubadora perfeita para a incorporação de IA como forma de melhorar os padrões de qualidade dos projetos, sendo que o aumento da capacidade de computação e a disponibilidade de informação em bases de dados contribuem sobejamente para a viabilização desta aspiração.
É natural à inteligência humana organizar, encontrar padrões, produzir ferramentas e hierarquizar prioridades para fazer face aos desafios que conseguimos antever. E isso não é de agora. Por exemplo, o trabalho dos serviços secretos britânicos na Segunda Guerra Mundial, nomeadamente de Alan Turing, na descodificação das mensagens de rádio alemãs ofereceu aos aliados uma posição de vantagem que permitiu antecipar o fim da guerra, poupando muitas vidas.
O potencial da IA em contexto AEC é tão abrangente que, paradoxalmente, pode ser difícil conseguir concretizar a sua aplicação prática. Alguns de nós pensarão que o seu contributo à prática no setor é ainda demasiado limitado, outros imaginarão que irá largamente substituir o trabalho humano, outros ainda remeterão a questão ao ridículo, criticando alguma aleatoriedade do seu contributo.
Uma indústria como a nossa, de grande complexidade, com um histórico de enormes desfasamentos orçamentais e temporais face ao esperado, e responsável por cerca de 40% das emissões globais de gases que contribuem para o efeito de estufa, carece de ferramentas que permitam melhorar o seu desempenho. 
Têm-se tornado virais imagens caricaturais de variantes de estilo para um mesmo objeto ou edifício. Mas e se levássemos este “jogo” um pouco mais a sério para estudar alternativas de incorporação dos princípios de adaptação climática em função de região e do programa do edifício? E se, dada a capacidade de processamento de que dispomos hoje, nos permitíssemos replicar a eficiência das estruturas da natureza que tende a ser posta de parte para simplificação e massificação dos processos produtivos e de comunicação? 
E se edificássemos com recurso a tecnologias de impressão 3D por adição, permitindo eliminar estruturas de cofragem ou material remanescente resultante de cortes? E se nos pudéssemos libertar do quebra-cabeças do melhor rendimento dos materiais, mitigando o trabalho de corte in-situ e garantido a completude dos padrões visuais através do estudo das estereotomias? E se a gestão de obra pudesse dispor de várias alternativas para reprogramação dos trabalhos sempre que se verifica a impossibilidade de progredir numa determinada frente de obra?
Coloca-se-nos tendencialmente a questão do que queremos automatizar e aí a comunicação eficaz entre humanos e sistemas de IA é crucial para garantir que a tecnologia seja verdadeiramente útil. Em muitos casos, os usuários finais da IA podem não ter conhecimento avançado em programação ou em linguagens específicas de IA. Portanto, é imperativo criar interfaces intuitivos e mecanismos de interação que permitam traduzir as suas necessidades de forma simples e compreensível. Uma formação transversal e sólida é, no entanto, inalienável. Sem esta, ficam comprometidos o domínio do output e o espírito crítico face ao resultado.
A partir das evoluções científicas e tecnológicas ao longo da história tem sido possível encontrar vantagens competitivas e comerciais, mas também a possibilidade de criar melhores condições de vida, eliminando trabalho demasiadamente duro, perigoso ou nocivo. 
À medida que estas inovações se vão revelando maduras e tornando amplamente acessíveis, surge a disponibilidade para alargar a investigação a novos campos. Esta dinâmica não substitui de forma alguma a curiosidade, a criatividade e a necessidade de uma tomada de decisão humana perante situações novas, inesperadas ou de crise, mas pode reduzir o tempo 
de resposta a problemas complexos. Ou seja, não é a solução para todos os problemas, mas trará contributos muito relevantes.
 

Anteprojectos online é uma ferramenta de consulta diária, que lhe permite deter o conhecimento antecipado do que serão as futuras obras!

Contacto

Ângela Leitão

aleitao@anteprojectos.com.pt

Directora Geral

Av. Álvares Cabral, nº 61, 6º andar | 1250-017 Lisboa

Telefone 211 308 758 / 966 863 541

OPINIÃO: BIM e o potencial da inteligência artificial

Categoria:  Artigos de Opinião

Publicado

Madalena Mariz
BIM Manager e Arquiteta na Openbook

Quantos de nós já ponderámos sobre a exequibilidade de uma alteração ao projeto devido à quantidade de desenhos que teriam de ser refeitos, encontrámos dificuldade em gerar uma imagem que sintetizasse o conceito do projeto, produzimos dezenas de alternativas para determinar a melhor distribuição e articulação entre espaços para um programa funcional extenso, ou despendemos incontáveis horas a calcular as áreas resultantes de cada nova proposta? Há na maior parte destas tarefas uma dimensão extremamente laboriosa, normalmente impercetível para o cliente e à qual a nossa formação académica e profissional não traz valor acrescentado. 
É fácil identificar as ferramentas a que hoje já recorremos para nos apoiarem nestas tarefas, mas parece-me que podemos ser ainda mais ambiciosos. 
E a inteligência artificial (IA) pode ser claramente uma resposta a muita da nossa intenção.
A adoção da metodologia BIM no âmbito da arquitetura, engenharia e construção (AEC) requere, entre outros aspetos, a definição dos usos ou finalidades que a justificam, a regulação orgânica das relações entre os diversos intervenientes envolvidos no processo e a criação de modelos (relacionando geometria e informação) através dos quais todo o ciclo de vida do edifício é simulado. A digitalização de todo o processo revela-se a incubadora perfeita para a incorporação de IA como forma de melhorar os padrões de qualidade dos projetos, sendo que o aumento da capacidade de computação e a disponibilidade de informação em bases de dados contribuem sobejamente para a viabilização desta aspiração.
É natural à inteligência humana organizar, encontrar padrões, produzir ferramentas e hierarquizar prioridades para fazer face aos desafios que conseguimos antever. E isso não é de agora. Por exemplo, o trabalho dos serviços secretos britânicos na Segunda Guerra Mundial, nomeadamente de Alan Turing, na descodificação das mensagens de rádio alemãs ofereceu aos aliados uma posição de vantagem que permitiu antecipar o fim da guerra, poupando muitas vidas.
O potencial da IA em contexto AEC é tão abrangente que, paradoxalmente, pode ser difícil conseguir concretizar a sua aplicação prática. Alguns de nós pensarão que o seu contributo à prática no setor é ainda demasiado limitado, outros imaginarão que irá largamente substituir o trabalho humano, outros ainda remeterão a questão ao ridículo, criticando alguma aleatoriedade do seu contributo.
Uma indústria como a nossa, de grande complexidade, com um histórico de enormes desfasamentos orçamentais e temporais face ao esperado, e responsável por cerca de 40% das emissões globais de gases que contribuem para o efeito de estufa, carece de ferramentas que permitam melhorar o seu desempenho. 
Têm-se tornado virais imagens caricaturais de variantes de estilo para um mesmo objeto ou edifício. Mas e se levássemos este “jogo” um pouco mais a sério para estudar alternativas de incorporação dos princípios de adaptação climática em função de região e do programa do edifício? E se, dada a capacidade de processamento de que dispomos hoje, nos permitíssemos replicar a eficiência das estruturas da natureza que tende a ser posta de parte para simplificação e massificação dos processos produtivos e de comunicação? 
E se edificássemos com recurso a tecnologias de impressão 3D por adição, permitindo eliminar estruturas de cofragem ou material remanescente resultante de cortes? E se nos pudéssemos libertar do quebra-cabeças do melhor rendimento dos materiais, mitigando o trabalho de corte in-situ e garantido a completude dos padrões visuais através do estudo das estereotomias? E se a gestão de obra pudesse dispor de várias alternativas para reprogramação dos trabalhos sempre que se verifica a impossibilidade de progredir numa determinada frente de obra?
Coloca-se-nos tendencialmente a questão do que queremos automatizar e aí a comunicação eficaz entre humanos e sistemas de IA é crucial para garantir que a tecnologia seja verdadeiramente útil. Em muitos casos, os usuários finais da IA podem não ter conhecimento avançado em programação ou em linguagens específicas de IA. Portanto, é imperativo criar interfaces intuitivos e mecanismos de interação que permitam traduzir as suas necessidades de forma simples e compreensível. Uma formação transversal e sólida é, no entanto, inalienável. Sem esta, ficam comprometidos o domínio do output e o espírito crítico face ao resultado.
A partir das evoluções científicas e tecnológicas ao longo da história tem sido possível encontrar vantagens competitivas e comerciais, mas também a possibilidade de criar melhores condições de vida, eliminando trabalho demasiadamente duro, perigoso ou nocivo. 
À medida que estas inovações se vão revelando maduras e tornando amplamente acessíveis, surge a disponibilidade para alargar a investigação a novos campos. Esta dinâmica não substitui de forma alguma a curiosidade, a criatividade e a necessidade de uma tomada de decisão humana perante situações novas, inesperadas ou de crise, mas pode reduzir o tempo 
de resposta a problemas complexos. Ou seja, não é a solução para todos os problemas, mas trará contributos muito relevantes.
 

Voltar ao topo

OPINIÃO: BIM e o potencial da inteligência artificial

Categoria:  Artigos de Opinião

Publicado

Madalena Mariz
BIM Manager e Arquiteta na Openbook

Quantos de nós já ponderámos sobre a exequibilidade de uma alteração ao projeto devido à quantidade de desenhos que teriam de ser refeitos, encontrámos dificuldade em gerar uma imagem que sintetizasse o conceito do projeto, produzimos dezenas de alternativas para determinar a melhor distribuição e articulação entre espaços para um programa funcional extenso, ou despendemos incontáveis horas a calcular as áreas resultantes de cada nova proposta? Há na maior parte destas tarefas uma dimensão extremamente laboriosa, normalmente impercetível para o cliente e à qual a nossa formação académica e profissional não traz valor acrescentado. 
É fácil identificar as ferramentas a que hoje já recorremos para nos apoiarem nestas tarefas, mas parece-me que podemos ser ainda mais ambiciosos. 
E a inteligência artificial (IA) pode ser claramente uma resposta a muita da nossa intenção.
A adoção da metodologia BIM no âmbito da arquitetura, engenharia e construção (AEC) requere, entre outros aspetos, a definição dos usos ou finalidades que a justificam, a regulação orgânica das relações entre os diversos intervenientes envolvidos no processo e a criação de modelos (relacionando geometria e informação) através dos quais todo o ciclo de vida do edifício é simulado. A digitalização de todo o processo revela-se a incubadora perfeita para a incorporação de IA como forma de melhorar os padrões de qualidade dos projetos, sendo que o aumento da capacidade de computação e a disponibilidade de informação em bases de dados contribuem sobejamente para a viabilização desta aspiração.
É natural à inteligência humana organizar, encontrar padrões, produzir ferramentas e hierarquizar prioridades para fazer face aos desafios que conseguimos antever. E isso não é de agora. Por exemplo, o trabalho dos serviços secretos britânicos na Segunda Guerra Mundial, nomeadamente de Alan Turing, na descodificação das mensagens de rádio alemãs ofereceu aos aliados uma posição de vantagem que permitiu antecipar o fim da guerra, poupando muitas vidas.
O potencial da IA em contexto AEC é tão abrangente que, paradoxalmente, pode ser difícil conseguir concretizar a sua aplicação prática. Alguns de nós pensarão que o seu contributo à prática no setor é ainda demasiado limitado, outros imaginarão que irá largamente substituir o trabalho humano, outros ainda remeterão a questão ao ridículo, criticando alguma aleatoriedade do seu contributo.
Uma indústria como a nossa, de grande complexidade, com um histórico de enormes desfasamentos orçamentais e temporais face ao esperado, e responsável por cerca de 40% das emissões globais de gases que contribuem para o efeito de estufa, carece de ferramentas que permitam melhorar o seu desempenho. 
Têm-se tornado virais imagens caricaturais de variantes de estilo para um mesmo objeto ou edifício. Mas e se levássemos este “jogo” um pouco mais a sério para estudar alternativas de incorporação dos princípios de adaptação climática em função de região e do programa do edifício? E se, dada a capacidade de processamento de que dispomos hoje, nos permitíssemos replicar a eficiência das estruturas da natureza que tende a ser posta de parte para simplificação e massificação dos processos produtivos e de comunicação? 
E se edificássemos com recurso a tecnologias de impressão 3D por adição, permitindo eliminar estruturas de cofragem ou material remanescente resultante de cortes? E se nos pudéssemos libertar do quebra-cabeças do melhor rendimento dos materiais, mitigando o trabalho de corte in-situ e garantido a completude dos padrões visuais através do estudo das estereotomias? E se a gestão de obra pudesse dispor de várias alternativas para reprogramação dos trabalhos sempre que se verifica a impossibilidade de progredir numa determinada frente de obra?
Coloca-se-nos tendencialmente a questão do que queremos automatizar e aí a comunicação eficaz entre humanos e sistemas de IA é crucial para garantir que a tecnologia seja verdadeiramente útil. Em muitos casos, os usuários finais da IA podem não ter conhecimento avançado em programação ou em linguagens específicas de IA. Portanto, é imperativo criar interfaces intuitivos e mecanismos de interação que permitam traduzir as suas necessidades de forma simples e compreensível. Uma formação transversal e sólida é, no entanto, inalienável. Sem esta, ficam comprometidos o domínio do output e o espírito crítico face ao resultado.
A partir das evoluções científicas e tecnológicas ao longo da história tem sido possível encontrar vantagens competitivas e comerciais, mas também a possibilidade de criar melhores condições de vida, eliminando trabalho demasiadamente duro, perigoso ou nocivo. 
À medida que estas inovações se vão revelando maduras e tornando amplamente acessíveis, surge a disponibilidade para alargar a investigação a novos campos. Esta dinâmica não substitui de forma alguma a curiosidade, a criatividade e a necessidade de uma tomada de decisão humana perante situações novas, inesperadas ou de crise, mas pode reduzir o tempo 
de resposta a problemas complexos. Ou seja, não é a solução para todos os problemas, mas trará contributos muito relevantes.