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“O desenho não surge de uma só vez. Vai surgindo”

Categoria:  ReportagensCategoria:  Reportagens > Arquitectura

Publicado

Apresentação 1

Mário Sua Kay

Arquitecto

Ana Rita Sevilha | rsevilha@construir.pt

Para Mário Sua Kay, “cada projecto é sempre um desafio” e essa é uma condição de que não abdica. De Lisboa para o mundo, Sua Kay vai construindo um portfólio vasto e diversificado, que vai da hotelaria aos escritórios, passando pela habitação e os equipamentos culturais. À Traço falou sobre um dos mais recentes desafios, o West Cliffs – Ocean and Golf Resort

O West Cliffs – Ocean and Golf Resort contempla 230 hectares e um programa com grande diversidade, integrado numa paisagem natural. Como é que se desenha e se constrói nestas dimensões sem ser “invasivo”, sem quebrar esta harmonia natural?

No inicio é assustador. Visitar 230 hectares porque alguém tem a intenção de ali fazer nascer um complexo turístico de moradias e apartamentos, hotéis e campo de golfe com todas as infra-estruturas de arruamentos inerentes, redes de águas, de esgotos, de electricidade e das ligações de tudo isso com o existente na envolvente é realmente assustador.

Mas é também um desafio aliciante, sem dúvida.

O desenho não surge de uma só vez. Vai surgindo através de um diálogo aberto com o cliente sobre a sua ambição para o sítio, contactos e reuniões com as entidades públicas e com outros “players” no projecto - engenheiros, paisagistas, os designers do campo de golf…

O projecto é por isso um esforço de conjunto e o desenho do Masterplan surge com o “input” de todos os envolvidos.

Muito trabalho foi feito sobre o terreno com inúmeras caminhadas pelos duzentos e trinta hectares, por caminhos existentes e outros trilhados no momento por forma a sentir-se a topografia, identificar o coberto verde e respirar um pouco a brisa do mar. E isto reflecte-se na delicadeza com que se inseriram os dezoito “fairways” na paisagem, sem grandes distúrbios à topografia natural excepto onde foram criados pequenos lagos de captação de águas pluviais para a rega do campo de golfe. E aí apareceram logo os patos!

A partir desta importante infra-estrutura surge o projecto dos lotes para as moradias e apartamentos, para os hotéis e para o Club House, privilegiando as vistas do mar, do campo de golf, de pinhal e do coberto verde natural. Os acessos serpenteiam no terreno acompanhando os seus contornos, definindo e marcando os lotes. E assim vai surgindo o desenho geral, quase naturalmente, como resultado do encadeamento de todas estas “peças” e factores.

Como é que esta envolvente e a proximidade à paisagem se traduziu no desenho, nas relações de interior/exterior e na escolha dos materiais? Partimos com a ideia de estarmos no campo e junto ao mar, e pretendíamos que esse factor se reflectisse numa forma de viver em constante sintonia com a paisagem natural.

Queríamos uma relação do interior com o exterior muito próxima, marcada pela grande abertura dos espaços habitados para a paisagem, através de grandes panos de vidro e a utilização dos mesmos materiais tanto no interior como exterior dos espaços construídos. E escolhemos materiais que enfatizassem essa relação – a pedra nos muros exteriores que se transformam em paredes interiores, o soalho de madeira no interior que se estende em decks para o exterior, os tectos de madeira no interior que projectam para o exterior criando os alpendres das varandas e terraços… E as coberturas em telha tradicional na cor da areia e da terra quase que encobrem o construído na paisagem. O Club House já construído é o exemplo desta preocupação.

Criar um programa hoteleiro e turístico é hoje também criar uma experiência de vida. Como é que isso se traduz em arquitetura?

A criação de um programa hoteleiro é da responsabilidade do promotor. Ao arquitecto resta a inteligência com que transforma o programa numa realidade para além das expectativas do promotor!

Nesta etapa da sua carreira, que tipo de desafios um projecto como o do West Cliffs aporta em termos de desafios?

Essa pergunta faz com que me sinta “quacana”. Cada projecto é sempre um desafio. A partir do momento em que ele deixa de o ser, STOP!

Apresentação 1O West Cliffs - Ocean and Golf Resort e a sua concretização - após um período em que esteve parado -, é um bom indicativo de futuro? Claro que é! Significa que o projecto tem pernas para andar e ser um valioso contributo para a região onde se insere. Talvez se questione a viabilidade de mais um projecto turístico numa zona já repleta de projectos semelhantes, mas do nosso ponto de vista juntar mais um campo de golfe à região faz todo o sentido, uma vez que se cria uma variada oferta bastante atractiva para o turista/golfista que tem um elevado poder de compra e por isso tem também um elevado potencial para investir na região. E a mensagem que se transmite é que o turismo de qualidade vale a pena.

Tem uma vasta experiência em programas de retail, como vê esta transformação ao nível do comércio, nomeadamente o retorno à rua e ao comércio tradicional? O retorno ao comércio de rua e ao comércio tradicional resulta um pouco da necessidade de se estar próximo do cliente e da comunidade. Dá-me imenso prazer ir a mercados municipais nos dias de maior azáfama, ouvir e fazer parte das conversas malandras e dos piropos bem-humorados e sentir a forte ligação entre o público e os vendedores. Falta esta proximidade, às vezes quase íntima, nos centros comerciais. Tanto assim, que na maior parte das vezes o público só interage com o lojista no acto de pagamento da factura! Tem que se trazer um pouco da rua e dos mercados para dentro dos centros comerciais. Temos que personalizar o serviço prestado e fazer com que o público sinta que aquele “Shopping Mall” é deles e que é um lugar de encontros e de bem-estar.

Se os Centros Comerciais se tornarem obsoletos, o que podemos fazer deles? Boa pergunta. Não vejo que desapareçam assim tão facilmente. Precisamos é de pensar de maneira diferente e de os transformar em centros multifuncionais o que já se verifica em alguns casos com a introdução de health clubs, lojas do cidadão, clínicas médicas, maior oferta de restauração de qualidade e espaços de lazer para os mais jovens e não tão jovens e em especial para a terceira idade. Vejo também a importância destes centros estarem integrados em projectos mistos de habitação, terciário, lazer e desporto.

No caso de um Centro Comercial se tornar “obsoleto” penso que resultará numa oportunidade para mentes mais criativas, arquitectos, engenheiros, promotores e investidores e instituições de variada natureza. Vejo neles o potencial para o terciário e sedes de empresas, universidades, bibliotecas e serviços municipais, hospitais e tribunais para mencionar só algumas das possibilidades. Seria realmente um desafio muito interessante.

Que análise faz à cidade de Lisboa, nomeadamente às rápidas transformações que tem sofrido para dar resposta ao turismo e à procura em termos de investimento imobiliário? Quando me pergunta sobre as transformações que a cidade de Lisboa “sofre” tenho que responder que prefiro a frase “a que se assiste”. Sofrer é me muito negativo.

Vejo com bons olhos a recuperação do casco histórico, com certeza. Tenho reservas talvez, sobre o que motiva essa transformação que devia ser mais equilibrada e não só definida pela procura turística. A ver vamos… ■

Gabinete:

SUA KAY ARQUITECTOS

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Contacto

Ângela Leitão

aleitao@anteprojectos.com.pt

Directora Geral

Av. Álvares Cabral, nº 61, 6º andar | 1250-017 Lisboa

Telefone 211 308 758 / 966 863 541

“O desenho não surge de uma só vez. Vai surgindo”

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Publicado

Apresentação 1

Mário Sua Kay

Arquitecto

Ana Rita Sevilha | rsevilha@construir.pt

Para Mário Sua Kay, “cada projecto é sempre um desafio” e essa é uma condição de que não abdica. De Lisboa para o mundo, Sua Kay vai construindo um portfólio vasto e diversificado, que vai da hotelaria aos escritórios, passando pela habitação e os equipamentos culturais. À Traço falou sobre um dos mais recentes desafios, o West Cliffs – Ocean and Golf Resort

O West Cliffs – Ocean and Golf Resort contempla 230 hectares e um programa com grande diversidade, integrado numa paisagem natural. Como é que se desenha e se constrói nestas dimensões sem ser “invasivo”, sem quebrar esta harmonia natural?

No inicio é assustador. Visitar 230 hectares porque alguém tem a intenção de ali fazer nascer um complexo turístico de moradias e apartamentos, hotéis e campo de golfe com todas as infra-estruturas de arruamentos inerentes, redes de águas, de esgotos, de electricidade e das ligações de tudo isso com o existente na envolvente é realmente assustador.

Mas é também um desafio aliciante, sem dúvida.

O desenho não surge de uma só vez. Vai surgindo através de um diálogo aberto com o cliente sobre a sua ambição para o sítio, contactos e reuniões com as entidades públicas e com outros “players” no projecto - engenheiros, paisagistas, os designers do campo de golf…

O projecto é por isso um esforço de conjunto e o desenho do Masterplan surge com o “input” de todos os envolvidos.

Muito trabalho foi feito sobre o terreno com inúmeras caminhadas pelos duzentos e trinta hectares, por caminhos existentes e outros trilhados no momento por forma a sentir-se a topografia, identificar o coberto verde e respirar um pouco a brisa do mar. E isto reflecte-se na delicadeza com que se inseriram os dezoito “fairways” na paisagem, sem grandes distúrbios à topografia natural excepto onde foram criados pequenos lagos de captação de águas pluviais para a rega do campo de golfe. E aí apareceram logo os patos!

A partir desta importante infra-estrutura surge o projecto dos lotes para as moradias e apartamentos, para os hotéis e para o Club House, privilegiando as vistas do mar, do campo de golf, de pinhal e do coberto verde natural. Os acessos serpenteiam no terreno acompanhando os seus contornos, definindo e marcando os lotes. E assim vai surgindo o desenho geral, quase naturalmente, como resultado do encadeamento de todas estas “peças” e factores.

Como é que esta envolvente e a proximidade à paisagem se traduziu no desenho, nas relações de interior/exterior e na escolha dos materiais? Partimos com a ideia de estarmos no campo e junto ao mar, e pretendíamos que esse factor se reflectisse numa forma de viver em constante sintonia com a paisagem natural.

Queríamos uma relação do interior com o exterior muito próxima, marcada pela grande abertura dos espaços habitados para a paisagem, através de grandes panos de vidro e a utilização dos mesmos materiais tanto no interior como exterior dos espaços construídos. E escolhemos materiais que enfatizassem essa relação – a pedra nos muros exteriores que se transformam em paredes interiores, o soalho de madeira no interior que se estende em decks para o exterior, os tectos de madeira no interior que projectam para o exterior criando os alpendres das varandas e terraços… E as coberturas em telha tradicional na cor da areia e da terra quase que encobrem o construído na paisagem. O Club House já construído é o exemplo desta preocupação.

Criar um programa hoteleiro e turístico é hoje também criar uma experiência de vida. Como é que isso se traduz em arquitetura?

A criação de um programa hoteleiro é da responsabilidade do promotor. Ao arquitecto resta a inteligência com que transforma o programa numa realidade para além das expectativas do promotor!

Nesta etapa da sua carreira, que tipo de desafios um projecto como o do West Cliffs aporta em termos de desafios?

Essa pergunta faz com que me sinta “quacana”. Cada projecto é sempre um desafio. A partir do momento em que ele deixa de o ser, STOP!

Apresentação 1O West Cliffs - Ocean and Golf Resort e a sua concretização - após um período em que esteve parado -, é um bom indicativo de futuro? Claro que é! Significa que o projecto tem pernas para andar e ser um valioso contributo para a região onde se insere. Talvez se questione a viabilidade de mais um projecto turístico numa zona já repleta de projectos semelhantes, mas do nosso ponto de vista juntar mais um campo de golfe à região faz todo o sentido, uma vez que se cria uma variada oferta bastante atractiva para o turista/golfista que tem um elevado poder de compra e por isso tem também um elevado potencial para investir na região. E a mensagem que se transmite é que o turismo de qualidade vale a pena.

Tem uma vasta experiência em programas de retail, como vê esta transformação ao nível do comércio, nomeadamente o retorno à rua e ao comércio tradicional? O retorno ao comércio de rua e ao comércio tradicional resulta um pouco da necessidade de se estar próximo do cliente e da comunidade. Dá-me imenso prazer ir a mercados municipais nos dias de maior azáfama, ouvir e fazer parte das conversas malandras e dos piropos bem-humorados e sentir a forte ligação entre o público e os vendedores. Falta esta proximidade, às vezes quase íntima, nos centros comerciais. Tanto assim, que na maior parte das vezes o público só interage com o lojista no acto de pagamento da factura! Tem que se trazer um pouco da rua e dos mercados para dentro dos centros comerciais. Temos que personalizar o serviço prestado e fazer com que o público sinta que aquele “Shopping Mall” é deles e que é um lugar de encontros e de bem-estar.

Se os Centros Comerciais se tornarem obsoletos, o que podemos fazer deles? Boa pergunta. Não vejo que desapareçam assim tão facilmente. Precisamos é de pensar de maneira diferente e de os transformar em centros multifuncionais o que já se verifica em alguns casos com a introdução de health clubs, lojas do cidadão, clínicas médicas, maior oferta de restauração de qualidade e espaços de lazer para os mais jovens e não tão jovens e em especial para a terceira idade. Vejo também a importância destes centros estarem integrados em projectos mistos de habitação, terciário, lazer e desporto.

No caso de um Centro Comercial se tornar “obsoleto” penso que resultará numa oportunidade para mentes mais criativas, arquitectos, engenheiros, promotores e investidores e instituições de variada natureza. Vejo neles o potencial para o terciário e sedes de empresas, universidades, bibliotecas e serviços municipais, hospitais e tribunais para mencionar só algumas das possibilidades. Seria realmente um desafio muito interessante.

Que análise faz à cidade de Lisboa, nomeadamente às rápidas transformações que tem sofrido para dar resposta ao turismo e à procura em termos de investimento imobiliário? Quando me pergunta sobre as transformações que a cidade de Lisboa “sofre” tenho que responder que prefiro a frase “a que se assiste”. Sofrer é me muito negativo.

Vejo com bons olhos a recuperação do casco histórico, com certeza. Tenho reservas talvez, sobre o que motiva essa transformação que devia ser mais equilibrada e não só definida pela procura turística. A ver vamos… ■

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Mário Sua Kay

Arquitecto

Ana Rita Sevilha | rsevilha@construir.pt

Para Mário Sua Kay, “cada projecto é sempre um desafio” e essa é uma condição de que não abdica. De Lisboa para o mundo, Sua Kay vai construindo um portfólio vasto e diversificado, que vai da hotelaria aos escritórios, passando pela habitação e os equipamentos culturais. À Traço falou sobre um dos mais recentes desafios, o West Cliffs – Ocean and Golf Resort

O West Cliffs – Ocean and Golf Resort contempla 230 hectares e um programa com grande diversidade, integrado numa paisagem natural. Como é que se desenha e se constrói nestas dimensões sem ser “invasivo”, sem quebrar esta harmonia natural?

No inicio é assustador. Visitar 230 hectares porque alguém tem a intenção de ali fazer nascer um complexo turístico de moradias e apartamentos, hotéis e campo de golfe com todas as infra-estruturas de arruamentos inerentes, redes de águas, de esgotos, de electricidade e das ligações de tudo isso com o existente na envolvente é realmente assustador.

Mas é também um desafio aliciante, sem dúvida.

O desenho não surge de uma só vez. Vai surgindo através de um diálogo aberto com o cliente sobre a sua ambição para o sítio, contactos e reuniões com as entidades públicas e com outros “players” no projecto - engenheiros, paisagistas, os designers do campo de golf…

O projecto é por isso um esforço de conjunto e o desenho do Masterplan surge com o “input” de todos os envolvidos.

Muito trabalho foi feito sobre o terreno com inúmeras caminhadas pelos duzentos e trinta hectares, por caminhos existentes e outros trilhados no momento por forma a sentir-se a topografia, identificar o coberto verde e respirar um pouco a brisa do mar. E isto reflecte-se na delicadeza com que se inseriram os dezoito “fairways” na paisagem, sem grandes distúrbios à topografia natural excepto onde foram criados pequenos lagos de captação de águas pluviais para a rega do campo de golfe. E aí apareceram logo os patos!

A partir desta importante infra-estrutura surge o projecto dos lotes para as moradias e apartamentos, para os hotéis e para o Club House, privilegiando as vistas do mar, do campo de golf, de pinhal e do coberto verde natural. Os acessos serpenteiam no terreno acompanhando os seus contornos, definindo e marcando os lotes. E assim vai surgindo o desenho geral, quase naturalmente, como resultado do encadeamento de todas estas “peças” e factores.

Como é que esta envolvente e a proximidade à paisagem se traduziu no desenho, nas relações de interior/exterior e na escolha dos materiais? Partimos com a ideia de estarmos no campo e junto ao mar, e pretendíamos que esse factor se reflectisse numa forma de viver em constante sintonia com a paisagem natural.

Queríamos uma relação do interior com o exterior muito próxima, marcada pela grande abertura dos espaços habitados para a paisagem, através de grandes panos de vidro e a utilização dos mesmos materiais tanto no interior como exterior dos espaços construídos. E escolhemos materiais que enfatizassem essa relação – a pedra nos muros exteriores que se transformam em paredes interiores, o soalho de madeira no interior que se estende em decks para o exterior, os tectos de madeira no interior que projectam para o exterior criando os alpendres das varandas e terraços… E as coberturas em telha tradicional na cor da areia e da terra quase que encobrem o construído na paisagem. O Club House já construído é o exemplo desta preocupação.

Criar um programa hoteleiro e turístico é hoje também criar uma experiência de vida. Como é que isso se traduz em arquitetura?

A criação de um programa hoteleiro é da responsabilidade do promotor. Ao arquitecto resta a inteligência com que transforma o programa numa realidade para além das expectativas do promotor!

Nesta etapa da sua carreira, que tipo de desafios um projecto como o do West Cliffs aporta em termos de desafios?

Essa pergunta faz com que me sinta “quacana”. Cada projecto é sempre um desafio. A partir do momento em que ele deixa de o ser, STOP!

Apresentação 1O West Cliffs - Ocean and Golf Resort e a sua concretização - após um período em que esteve parado -, é um bom indicativo de futuro? Claro que é! Significa que o projecto tem pernas para andar e ser um valioso contributo para a região onde se insere. Talvez se questione a viabilidade de mais um projecto turístico numa zona já repleta de projectos semelhantes, mas do nosso ponto de vista juntar mais um campo de golfe à região faz todo o sentido, uma vez que se cria uma variada oferta bastante atractiva para o turista/golfista que tem um elevado poder de compra e por isso tem também um elevado potencial para investir na região. E a mensagem que se transmite é que o turismo de qualidade vale a pena.

Tem uma vasta experiência em programas de retail, como vê esta transformação ao nível do comércio, nomeadamente o retorno à rua e ao comércio tradicional? O retorno ao comércio de rua e ao comércio tradicional resulta um pouco da necessidade de se estar próximo do cliente e da comunidade. Dá-me imenso prazer ir a mercados municipais nos dias de maior azáfama, ouvir e fazer parte das conversas malandras e dos piropos bem-humorados e sentir a forte ligação entre o público e os vendedores. Falta esta proximidade, às vezes quase íntima, nos centros comerciais. Tanto assim, que na maior parte das vezes o público só interage com o lojista no acto de pagamento da factura! Tem que se trazer um pouco da rua e dos mercados para dentro dos centros comerciais. Temos que personalizar o serviço prestado e fazer com que o público sinta que aquele “Shopping Mall” é deles e que é um lugar de encontros e de bem-estar.

Se os Centros Comerciais se tornarem obsoletos, o que podemos fazer deles? Boa pergunta. Não vejo que desapareçam assim tão facilmente. Precisamos é de pensar de maneira diferente e de os transformar em centros multifuncionais o que já se verifica em alguns casos com a introdução de health clubs, lojas do cidadão, clínicas médicas, maior oferta de restauração de qualidade e espaços de lazer para os mais jovens e não tão jovens e em especial para a terceira idade. Vejo também a importância destes centros estarem integrados em projectos mistos de habitação, terciário, lazer e desporto.

No caso de um Centro Comercial se tornar “obsoleto” penso que resultará numa oportunidade para mentes mais criativas, arquitectos, engenheiros, promotores e investidores e instituições de variada natureza. Vejo neles o potencial para o terciário e sedes de empresas, universidades, bibliotecas e serviços municipais, hospitais e tribunais para mencionar só algumas das possibilidades. Seria realmente um desafio muito interessante.

Que análise faz à cidade de Lisboa, nomeadamente às rápidas transformações que tem sofrido para dar resposta ao turismo e à procura em termos de investimento imobiliário? Quando me pergunta sobre as transformações que a cidade de Lisboa “sofre” tenho que responder que prefiro a frase “a que se assiste”. Sofrer é me muito negativo.

Vejo com bons olhos a recuperação do casco histórico, com certeza. Tenho reservas talvez, sobre o que motiva essa transformação que devia ser mais equilibrada e não só definida pela procura turística. A ver vamos… ■

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